(Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 12 de setembro de 2021 às 18h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2021 às 06h07.
Investidores e analistas terão como principal ponto de atenção nesta semana saber se o presidente Jair Bolsonaro manterá o tom mais moderado no embate político e se isso vai permitir desdobramentos positivos nas discussões sobre reformas e a proposta sobre precatórios no Congresso. O investidor ainda monitora se a greve dos caminhoneiros vai cessar, como sinalizou o presidente.
Na economia, será conhecido o IBC-Br, que vai mostrar o pulso da atividade em julho, a duas semanas do Copom, depois da surpresa positiva do varejo. O CPI (a inflação ao consumidor) nos Estados Unidos e alguns dados da economia chinesa são destaques externos. Na bolsa haverá o vencimento de opções. Veja assuntos da próxima semana:
A duas semanas do Copom, o mercado vai monitorar dados de atividade e inflação para afinar as apostas para a Selic. Após o IPCA superar as estimativas, a precificação de alta da taxa de juros chegou a se aproximar de 1,5pp, mas DIs recuam nesta sexta refletindo alívio da cena política.
O IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, de julho será divulgado no dia 15 e tem estimativa de alta de 5% no comparativo mensal e de 0,5% no anual. Um dia antes, sai o dado de serviços. Número do varejo divulgado hoje superou as estimativas.
No dia 16, será divulgado o IGP-10 de setembro, com estimativa de desaceleração para 0,4%, ante 1,18% no mês anterior. Quadrissemanas do IPC-Fipe e IPC-S também saem nos próximos dias. Na bolsa, próxima semana terá vencimentos de opções sobre Ibovespa e sobre ações nos dias 15 e 17.
A inflação nos EUA ganha os holofotes em meio às expectativas sobre quando o Fed iniciará a retirada dos estímulos. O CPI de agosto, no dia 14, tem estimativa de leve desaceleração. Ainda estão no radar o índice de vendas no varejo, produção industrial e Empire Manufacturing.
Nste sábado, dia 11 de setembro, completa 20 anos do ataque às torres gêmeas de Nova York. O marco ocorre pouco após os EUA se retirarem do Afeganistão, onde os ataques foram planejados. Apple deve lançar novos Iphones na terça. Na China, saem números do varejo e indústria, que podem acusar forte impacto da variante delta da Covid.
Após o recuo de Jair Bolsonaro na tarde de quinta-feira, 9 de setembro, levar a uma forte recuperação dos ativos domésticos, o presidente confirmou o tom mais ameno em sua live semanal. Ele afirmou que nunca agrediu as instituições e que está pronto para conversar com líderes de outros poderes. Bolsonaro até voltou a defender o voto impresso, mas disse que a nota oficial divulgada nesta quinta deve render bons frutos.
Arthur Lira e Rodrigo Pacheco comemoraram a mudança, segundo a Veja. O pedido de trégua, no entanto, foi recebido com ceticismo por integrantes do Supremo, de acordo com a Folha, e a corte não deve alterar o rumo de suas investigações.
A greve dos caminhoneiros também segue em foco. Manifestações dos caminhoneiros devem continuar até 12 de setembro e depois devem ser suspensas. Se movimento passar desta data, haverá problema sério, disse Bolsonaro.
Após o alívio na tensão institucional, uma melhora mais consistente do mercado depende do avanço das reformas. O governo negocia com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a votação de uma agenda econômica mínima nas próximas semanas, diz o Valor.
A reforma do Imposto de Renda, os novos marcos legais das ferrovias e do câmbio, o PL que institui a BR do Mar e o projeto de privatização dos Correios estariam na pauta.
O Senado também deve discutir, simultaneamente, os precatórios e a reformulação do Bolsa Família. Segundo o Estado, no entanto, as reformas ainda enfrentam as mesmas dificuldades que já estavam colocadas antes do recuo do presidente. Segundo o Valor, a Anatel deve confirmar nesta sexta-feira o edital do leilão de 5G.
Na questão dos precatórios, tanto a ala política do governo quanto lideranças do Congresso trabalham em busca de uma narrativa na defesa da retirada desses pagamentos do teto de gastos, afirmaram duas pessoas com conhecimento direto do assunto. O ministério da Economia resiste à ideia, disseram essas pessoas.
Procurada, a pasta informou que busca uma solução permanente e encaminhou uma PEC ao Congresso. O ministério também reafirmou a importância do teto de gastos para o equilíbrio das contas públicas.