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Ciclo de queda da Selic pode impulsionar o dólar no Brasil?

Já em declínio, diferencial de juros tende a ser ainda menor em relação à economia americana, conforme o BC derruba a Selic

 (Igor Golovniov/Getty Images)

(Igor Golovniov/Getty Images)

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 15h28.

Última atualização em 8 de agosto de 2023 às 15h29.

Considerado um dos fatores de influência na taxa de câmbio, o diferencial de juros entre as economias americana e brasileira deve diminuir ainda mais nos próximos meses, conforme o Banco Central dá continuidade ao ciclo de cortes da taxa Selic.

O Comitê de Política Monetária (Copom) deu inicio à queda de juros na semana passada com um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.). Na ata da decisão, divulgada nesta terça-feira, 9, o Copom reafirmou haver entre seus membros uma unanimidade para prosseguir com o mesmo ritmo de corte de juros nas reuniões seguintes. A expectativa do mercado é de que a Selic caia do atual patamar de 13,25% para 9% até o ano que vem, chegando a 8,5% em 2025.

Nos Estados Unidos, por outro lado, espera-se que o Federal Reserve mantenha inalterada sua taxa de juros entre 5,25% e 5,5%, pelo menos, até março do ano que vem, iniciando um ciclo gradual de cortes a partir de então. Investidores precificam como o cenário mais provável uma queda para próximo de 4% para o fim do ano que vem.

Ou seja, por mais que já tem diminuído desde que o Fed começou a subir suas taxas nos Estados Unidos, a queda desse diferencial de juros deve se intensificar nos próximos meses.

Esse declínio, isoladamente, tende a jogar contra o real, uma vez que os títulos brasileiro se tornam relativamente menos atrativos. O mercado, no entanto, não espera que esse fator sirva de gatilho para uma grande apreciação do dólar no Brasil nos próximos meses.

"Esse diferencial já caiu bastante e vai cair mais, mas muito gradualmente, Isso tem algum impacto na taxa de câmbio. Mas, se o diferencial de juros está ficando maior porque o país está melhor e crescendo mais, a tendência é a taxa de câmbio se apreciar", disse Luiz Fernando Figueiredo, chairman da Jive Investments e ex-diretor do Banco Central, em entrevista recente à Exame Invest

Efeito limitado e dólar mais alto daqui para frente

Por outro lado, Figueiredo também não vê espaço para a moeda cair muito mais a partir daqui. "Acho que o Brasil vai bem, mas, em termos reais, não dá para o cambio se apreciar muito mais.  O diferencial de juros, quando muito alto, gera uma pressão para valorização do real e essa pressão tende a diminuir." Sua projeção é de que o dólar termine o ano próximo de R$ 5, mas ainda abaixo da marca. Para os próximos anos, sua expectativa é de o dólar fique levemente mais alto, devido ao déficit nas contas correntes.

Cotado próximo de R$ 4,90, o dólar acumula cerca de 7% de queda no ano frente ao real. Na mínima, quando foi a R$ 4,72, chegou a acumular uma desvalorização de 10%. A apreciação do real se deu principalmente pela balança comercial, avaliou Alfredo de Menezes, CEO da Armor Capital, entrevista à Exame. Mas o gestor, referência quando o assunto é câmbio, espera pela apreciação da moeda no segundo semestre. "O primeiro semestre é o melhor momento de fluxo de dólar para o Brasil e o quarto trimestre é o pior momento. Então, o dólar deverá subir até o fim do ano."

O consenso do Focus indica que a moeda americana deverá encerrar o ano cotada a R$ 4,90, subir para R$ 5 até o fim de 2024 e para R$ 5,08 em 2025.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, avalia que a projeção de mercado para o dólar em alta para os próximos anos considera a diferença entre a inflação dos Estados Unidos e a do Brasil, que tende a ser maior no médio e longo prazo.

O tema também foi abordado por Karina Saade, CEO da BlackRock Brasil em balanço do cenário de investimentos para o segundo semestre Segundo ela, a queda esperada do diferencial de juros não deverá reduzir o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil.

"Mas se estivermos errados e o Brasil cortar muito rápido suas taxas de juros ou os Estados Unidos se tornarem muito mais agressivos na política monetária do que esperamos, poderia desacelerar os fluxos estrangeiros para o Brasil", comentou. 

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