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Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2011 às 18h31.
São Paulo – As incertezas criadas pelos recentes problemas econômicos que levaram a um pânico nos mercados financeiros que não era visto desde os piores dias da crise em 2008 podem direcionar a economia americana para uma segunda recessão, analisa o economista Nicholas Bloom, da Universidade de Stanford, nos EUA.
“O choque de incerteza criado pela explosiva combinação dos problemas com a dívida europeia, sistemas bancários vulneráveis e uma paralisia política na Europa e nos EUA levou a volatilidade do mercado de ações para níveis tão elevados quanto aos atingidos durante os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001”, destaca ele em um relatório publicado esta semana.
Segundo ele, a crise da dívida americana e europeia na semana passada gerou uma enorme incerteza econômica. “Uma medida dessa incerteza econômica – o índice VIX de volatilidade do mercado de ações – subiu para níveis não vistos desde a crise de 2008”, lembra. Outra medida de incerteza também está disparando, nota Bloom.
Ele cita a frequência da palavra “incerteza” nas publicações da imprensa, que tem uma incrível correlação com períodos de recessão, como mostra o estudo dos economistas Jon Cohen e Michelle Alexopoulos. Isso tudo pode fazer com que a economia americana entre em um período curto de contração de 1% no final de 2011.
Para chegar nessa conclusão, Bloom analisou o impacto médio dos últimos 16 choques de incerteza no mercado americano, como a crise dos mísseis em Cuba e o assassinato de John F. Kennedy. “A única certeza sobre isso é que os choques levam para períodos de recessões de curto prazo. Quando as pessoas estão incertas sobre o futuro, elas esperam e não fazem nada”, aponta.
Bloom lembra, inclusive, de uma análise produzida em 1980 pelo atual presidente do Banco Central americano, Ben Bernanke. “A incerteza, por aumentar o valor da espera por novas informações, retarda a taxa corrente de investimentos”, mostra um trecho do estudo. Ou seja, as incertezas atrasam as decisões dos empresários e, agora, “ninguém sabe o que vai acontecer”, diz o economista.