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China planeja acabar com as últimas transações com criptomoedas

Ação do governo chinês visa apagar os "últimos focos" das moedas virtuais na China, em nome da "estabilidade financeira"

Bitcoin: governo da China já havia endurecido o tom contra as moedas eletrônicas no ano passado (Benoit Tessier/Illustration/Reuters)

Bitcoin: governo da China já havia endurecido o tom contra as moedas eletrônicas no ano passado (Benoit Tessier/Illustration/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 14h46.

O governo de Pequim quer acabar com as últimas transações em criptomoedas, como o bitcoin, que ainda são feitas na China, ao bloquear o acesso às plataformas estrangeiras e retirar seus aplicativos das plataformas móveis locais.

O objetivo é, em nome da "estabilidade financeira", apagar os "últimos focos" das moedas virtuais na China e dar fim à arrecadação de fundos em criptomoedas, "que voltam a crescer", explicou neste domingo a publicação oficial Jinrong Shibao, revista financeira sob a égide do banco central (PBOC).

O regime já havia endurecido o tom contra as moedas eletrônicas no ano passado: as plataformas de comércio sediadas na China tiveram que interromper suas operações em setembro, e as autoridades proibiram estritamente qualquer arrecadação de fundos para criptomoedas (ICO) no país.

Como consequência, grandes plataformas chineses, que detinham em agosto mais de 20% do volume mundial de bitcoins, passaram a ter menos de 1% dos intercâmbios globais de criptomoedas, segundo o Jinrong Shibao.

Mas o entusiasmo de alguns investidores chineses lhes estimulou a buscar alternativas, como sites especializados no comércio de criptomoedas, as transações diretas e pessoa a pessoa e os acessos a plataformas no exterior, em especial em Hong Kong e Japão, fora do alcance dos reguladores chineses.

Constelação de canais

Nas redes sociais onipresentes chinesas (WeChat, QQ), ou russas (Telegram), foram criados fóruns de discussão muito populares para realizar transações de comum acordo, enquanto anúncios sobre moedas virtuais e operações de ICO proliferaram na internet da China.

É essa constelação de canais de intercâmbio, acessíveis a partir da China, que as autoridades querem encerrar, "reforçando sua supervisão de forma permanente", afirma o Jinrong Shibao.

De acordo com a publicação, os reguladores financeiros trabalharão com as autoridades de telecomunicações para fechar os sites de internet incriminados e bloquear os downloads de aplicativos que permitem o acesso a ICOs ilegais.

Também serão adotadas medidas não especificadas contra plataformas estrangeiras, e o PBOC mandou os operadores de sistemas de pagamento chineses iniciarem uma campanha de "retificação", para garantir que o dinheiro que transita em seus sistemas não provém do comércio de criptomoedas.

Esse novo aperto da China acontece quando o bitcoin - maior estrela das criptomoedas - está perdendo o brilho que tinha em 2017.

Nesta segunda-feira, ele era negociado a menos de 8 mil dólares, depois de ter se aproximado, em dezembro, dos 20 mil. Esse mercado é afetado pelo endurecimento dos reguladores na Ásia, pelos problemas de algumas plataformas e por uma valorização excessiva, com aspecto claro de uma bolha, e o medo de que estourasse.

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