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China intensifica apoio ao yuan em resposta a preocupações econômicas

Autoridades intervêm para estabilizar a moeda frente a pressões econômicas e externas

O Banco Popular da China intensifica medidas para estabilizar o yuan após uma desvalorização significativa no final de 2024, em meio a incertezas econômicas e geopolíticas. (SOPA Images / Colaborador/Getty Images)

O Banco Popular da China intensifica medidas para estabilizar o yuan após uma desvalorização significativa no final de 2024, em meio a incertezas econômicas e geopolíticas. (SOPA Images / Colaborador/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 07h15.

O Banco Popular da China (PBOC) intensificou o suporte ao yuan após a moeda atingir o nível mais baixo desde 2022 em negociações offshore no último dia de 2024. Na quinta-feira, 2, o PBOC definiu a taxa de referência diária em 7,1879 por dólar, mantendo a moeda dentro do intervalo permitido de 2% em relação ao valor de mercado. Apesar de ser um ajuste pequeno, o fixing foi 1.323 pontos base mais forte do que o previsto em pesquisa da Bloomberg, o maior desvio desde julho.

A queda acentuada do yuan offshore no último dia útil do ano — de até 0,7% — reflete preocupações sobre o crescimento econômico da China e as ameaças de tarifas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Desde novembro, o banco central vinha ajustando a taxa de referência acima das expectativas e utilizando bancos estatais para vender dólares e limitar a depreciação da moeda.

De acordo com Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking, o PBOC está utilizando todas as ferramentas disponíveis para demonstrar sua determinação em manter a estabilidade do yuan. Entre essas ferramentas estão ajustes no fixing diário e a gestão de liquidez offshore.

No entanto, analistas de Wall Street projetam que o yuan continuará a se desvalorizar em 2025, podendo atingir 7,5 por dólar, sob especulações de que Pequim permitirá uma fraqueza maior na moeda. Apesar disso, o yuan offshore respondeu positivamente ao fixing de quinta-feira, valorizando-se para 7,3161 por dólar, após atingir 7,3695 no último pregão de 2024.

Pressões sobre a moeda

O enfraquecimento do yuan está sendo impulsionado por ampla liquidez no mercado e uma queda nos rendimentos de títulos chineses. Em dezembro, o PBOC injetou um total líquido de 1,7 trilhão de yuans (R$ 1,4 trilhões) por meio de novos instrumentos financeiros. Paralelamente, o rendimento dos títulos soberanos chineses atingiu 1,62%, o menor valor já registrado.

Outro fator de pressão foram os fluxos de pagamentos, à medida que empresas chinesas listadas em Hong Kong aumentaram os dividendos planejados para investidores.

Perspectivas e respostas do PBOC

A recente declaração do PBOC de que manterá o yuan "basicamente estável" reafirma a posição da instituição em relação à política cambial. Segundo Zou Lan, chefe do departamento de política monetária do banco central, a China intensificará a gestão de expectativas e responderá vigorosamente a choques externos.

Fiona Lim, estrategista do Maybank, apontou que a perspectiva do yuan está sob pressão devido ao risco de um novo conflito comercial entre EUA e China durante o segundo mandato de Trump. No entanto, antes que esse risco se concretize, as autoridades chinesas buscarão conter as apostas contra o yuan para evitar impactos negativos nos mercados financeiros do país.

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