Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2012 às 10h34.
São Paulo - A China volta a decepcionar os mercados financeiros e deve causar novos abalos na Bovespa, diante de sinais cada vez mais evidentes de que o país asiático está em firme desaceleração. As ações de empresas brasileiras exportadoras de matérias-primas abriram pressionadas e podem facilitar a queda às margens dos 66 mil pontos. O Ibovespa abriu em queda de 0,42% e, às 10h15, caia 0,92%, aos 66.245,49 pontos.
Já os números sobre a atividade na zona do euro reacendem o temor quanto à uma recessão na região e turvam as perspectivas para a economia global. Mas o alento do dia pode ficar com os dados econômicos dos EUA. Por enquanto, a queda inesperada nos pedidos de auxílio-desemprego não reverteu a tendência negativa para o dia, mas atenuou as perdas.
O analista de renda variável de uma corretora paulista explica que a queda na Bovespa na abertura reflete os mercados mundiais sofrendo um duro golpe com a divulgação dos índices de atividade nas principais economias europeias e também na China. Para ele, o dia começa com uma aversão ao risco mais acentuada.
Ele se refere à queda para o menor nível em quatro meses do índice PMI Composto chinês, medido pelo HSBC, que cedeu a 48,1 na leitura preliminar de março, de 49,6 em fevereiro. Foi a quinta vez consecutiva que o dado ficou em território que indica contração da atividade. O indicador penaliza as principais commodities industriais, sobretudo as metálicas, e respinga nas ações de mineradoras e empresas ligadas aos insumos básicos ao redor do mundo.
Por mal dos pecados, a Europa parece estar à beira da recessão. O índice PMI Composto na zona do euro contrariou a previsão de alta e registrou a maior queda em três meses, em razão da grave crise das dívidas soberanas. A surpresa negativa ficou com a inesperada retração da atividade na Alemanha e na França, as duas maiores economias do bloco.
Para o profissional citado acima em anonimato, a pergunta dos investidores agora é se esses dados decepcionantes, principalmente na Europa, irão continuar ou até mesmo se aprofundar, comprometendo o desenrolar do otimismo dos mercados financeiros e a recuperação econômica global. "Ou se será apenas um momento passageiro", pondera. "Por enquanto, ainda é muito cedo para inferir se esses dados representam alguma inversão de tendência", conclui.
Já nos EUA, o mercado de trabalho volta a dar sinais de fortalecimento. O número de trabalhadores norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego no país caiu ao menor nível em quatro anos na semana passada, em 5 mil para o dado sazonalmente ajustado de 348 mil. A previsão era de aumento de 4 mil solicitações. O analista técnico da Ágora Invest, Daniel Marques, acredita que a agenda econômica norte-americana é o ponto-chave para os negócios.