Pequim aguarda próximos passos de Trump para saber como lidar com a economia (Paul Yeung/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 08h14.
Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 08h17.
A China anunciou nesta sexta-feira, 8, um pacote fiscal US$ 1,4 trilhão para ajudar no crescimento de sua economia - a meta para este ano é de 5%. As autoridades de Pequim também já estão se preparando para um possível aumento de tensões comerciais com a volta de Donald Trump à Casa Branca.
O Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, de onde saiu a nova resolução, autorizou os governos locais altamente endividados a emitir novos títulos ao longo de três anos e realocar outros em títulos previamente planejados ao longo de cinco anos para reestruturar suas finanças.
As autoridades não anunciaram medidas adicionais para estimular diretamente a demanda doméstica, decepcionando os mercados que esperavam que o pacote também ajudasse os consumidores. Medidas extras para recapitalizar grandes bancos, comprar imóveis inacabados e fortalecer o mercado consumidor ainda estavam sendo "estudadas", de acordo com o Financial Times. O país passa por uma grave crise imobiliária, um dos setores mais importantes da economia doméstica do país.
Com o anúncio, o yuan se desvalorizou imediatamente - 7,17 por dólar. Na quinta, já havia atingido seu valor mais baixo desde novembro do ano passado.
Apesar do pacote robusto, já servindo como um antídoto para o que pode acontecer se Trump colocar suas promessas em práticas - como taxar 60% produtos chineses -, analistas ouvidos pelo FT acreditam que a China precisa lidar antes com seus problemas domésticos, como a crise imobiliária prolongada e as dívidas dos governos locais.
É claro que, se totalmente implementadas, as tarifas de Trump podem derrubar o PIB da China num momento em que a economia está vulnerável. As indústrias de manufatura e exportações da China têm sido um raro ponto positivo para sua economia este ano, compensando a fraqueza doméstica e ajudando Pequim a se aproximar de suas metas de crescimento.
Espera-se que Pequim anuncie uma adicional para a economia assim que a agenda de Trump ficar mais clara nos próximos meses, disseram os analistas ouvidos pelo FT. Há sinais de que as medidas de estímulo monetário do governo em setembro, que incluíram cortes nas taxas de juros e suporte aos mercados de ações e imóveis, começaram a ter um impacto na economia.