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CEO da Embraer defende tarifa zero: 'Acreditamos que podemos ser os próximos em uma negociação'

Empresa foi isenta da tarifa de 50% dos EUA, mas está otimista com retirada de taxa remanescente de 10% para o setor de aviação

Embraer: fabricante de aeronaves reportou os números do segundo trimestre de 2025 nesta terça-feira, 5 (Leandro Fonseca/Exame)

Embraer: fabricante de aeronaves reportou os números do segundo trimestre de 2025 nesta terça-feira, 5 (Leandro Fonseca/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 10h53.

Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 10h58.

Nada de céu nublado: Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer (EMBR3), se mostrou extremamente otimista em relação às tarifas durante a teleconferência de resultados nesta terça-feira, 5. Segundo ele, a equipe continua acreditando e defendendo firmemente o retorno à política de tarifa zero.

A Embraer foi isenta da tarifa adicional de 40% na última semana. Entretanto, continua sujeita aos 10% de taxas desde abril. Visualizando os acordos com outros países, Gomes Neto afirma: “Nós acreditamos que podemos ser os próximos em uma negociação.”

A empresa divulgou resultados considerados fortes no segundo trimestre, com o resultado operacional vindo acima das expectativas já otimistas do mercado. Os papéis sobem 2,7% por volta das 10h50, entre as maiores altas do Ibovespa, renovando suas máximas históricas.

Apesar do bom desempenho, os impactos das tarifas já são sentidos. De acordo com o Gomes Neto, até o momento, 20% dos impactos das tarifas foram sentidos no primeiro semestre no fluxo de caixa – e o restante será sentido no segundo semestre. Ao todo, espera-se um impacto dos 10% de tarifas de US$ 65 milhões no ano de 2025.

Por conta disso, o guidance não foi revisado: a companhia estima uma margem EBIT ajustada entre 7,5% e 8,3% para 2025. Em relação à receita, a companhia estima um valor entre US$ 7 e US$ 7,5 bilhões. “O impacto da tarifa de 10% já está incluído nas nossas projeções financeiras para o ano. O upside seriam as tarifas zero. Estamos otimistas quanto a um possível desfecho positivo para a questão atual”, afirma Gomes Neto.

Ele reconhece que as tarifas impostas pelos Estados Unidos continuam sendo uma grande preocupação para os negócios. Mas eles estão se movimentando: segundo ele, quase 50% das aeronaves já têm peças dos EUA e eles esperam comprar US$ 21 bilhões em equipamentos e peças americanas, exportando apenas US$ 13 bilhões. “Vamos ter US$ 8 bilhões de superávit com os EUA, por isso estamos promovendo a restauração da tarifa zero.”

Atualmente, as aeronaves transportam aproximadamente 100 milhões de passageiros a cada ano, sustentam 13 mil empregos no país e devem gerar outros 5,5 mil empregos até 2030. Além disso, planejam investir mais de US$ 500 milhões nos Estados Unidos nos próximos 3 a 5 anos, que deve gerar outros 2,5 mil empregos no país.

Caso a força americana selecione a plataforma KC390 até o final da década, isso também seria mais um investimento nos EUA vantajoso para reduzir as tarifas a zero. “Estamos em conversas avançadas com um parceiro relevante nos Estados Unidos para esse projeto. Vamos investir US$ 500 milhões e esse, sim, nós sinalizamos como uma oportunidade de investimento local para a tarifa retornar a zero”, afirmam.

Com a maior receita para o segundo trimestre (R$ 10,3 bilhões) lucro líquido no positivo (R$ 448,9 milhões) e carteira de pedidos recorde (US$ 29,7 bilhões), a Embraer espera continuar crescendo dois dígitos por ano, com o retorno da tarifa a alíquota isenta. “Temos atuado de forma ativa junto as autoridades do Brasil e dos EUA, ajudando numa negociação.”

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