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CEO da CBS se demite após divergências com Paramount e pressão do governo Trump

Wendy McMahon deixou o cargo em meio a um desacordo com a empresa, que está tentando concluir um acordo de fusão de bilhões de dólares

Wendy McMahon: se demitiu do cargo de CEO da CBS News após pressão da Paramount (JEMAL COUNTESSGETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images)

Wendy McMahon: se demitiu do cargo de CEO da CBS News após pressão da Paramount (JEMAL COUNTESSGETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 19 de maio de 2025 às 15h42.

Última atualização em 19 de maio de 2025 às 16h04.

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Wendy McMahon, CEO da CBS News, anunciou na segunda-feira, 19, sua saída do cargo, marcando mais um capítulo na crescente disputa entre a divisão de notícias da empresa e a acionista controladora da Paramount, Shari Redstone. Ela assumiu a posição de CEO em agosto de 2023.

De acordo com o site CNBC, o co-CEO da Paramount, George Cheeks, solicitou a demissão de Wendy durante uma reunião neste sábado, 17. Ela aceitou o pedido, e o conselho da Paramount se reuniu no domingo para ser informado sobre a decisão. As informações foram divulgadas à emissora americana por fontes ligadas à companhia de mídia que preferiram permanecer anônimas.

Em sua carta de demissão dirigida aos funcionários, a executiva declarou: “Os últimos meses foram desafiadores. Ficou claro que a empresa e eu não concordamos sobre o caminho a seguir. É hora de eu seguir em frente e de esta organização avançar com uma nova liderança”.

Sob pressão

Nas últimas semanas, o conselho da Paramount Global intensificou a cobrança sobre George Cheeks e Wendy McMahon para receber detalhes específicos da programação do programa 60 Minutes antes da exibição — uma prática diferente do funcionamento histórico do programa, segundo fontes próximas.

Bill Owens, o produtor executivo do 60 Minutes, renunciou no mês passado, mencionando interferência da empresa e preocupações sobre a independência jornalística do programa.

Após a saída de Owens, o jornalista Scott Pelley, apresentador do 60 Minutes, comentou ao vivo no encerramento de um episódio: “Nossa controladora, a Paramount, está tentando concluir uma fusão. O governo Trump precisa aprovar. A Paramount começou a supervisionar nosso conteúdo de novas maneiras. Nenhuma de nossas matérias foi bloqueada, mas Bill sentiu que havia perdido a independência que o jornalismo honesto exige.”

O último episódio da temporada do 60 Minutes foi exibido no domingo e só retornará ao ar com episódios ao vivo em setembro. Fontes próximas revelaram à CNBC que McMahon precisou enfrentar resistência interna nas últimas semanas para garantir a exibição do programa, diante da preferência do conselho para que certas reportagens não fossem veiculadas.

A Bloomberg News informou que Shari Redstone, presidente da Paramount, também solicitou a revisão das reportagens do 60 Minutes, embora nenhuma tenha sido cancelada.

Além disso, tensões também surgiram entre Wendy McMahon e Shari Redstone nos últimos meses, envolvendo a cobertura da CBS sobre o conflito entre Israel e Hamas.

Os atritos aumentaram com o possível acordo do 60 Minutes com o governo Trump sobre a edição de uma entrevista realizada em outubro com Kamala Harris, na época candidata presidencial e ex-vice-presidente dos EUA. Shari teria criticado Wendy por questões ligadas à “justiça e equilíbrio” de abordagem.

A insatisfação de Redstone abrange ainda a liderança de McMahon e o desempenho comercial da CBS News.

Fusão com a Skydance

A Paramount Global busca aprovação governamental para se fundir com a Skydance Media, liderada por David Ellison. O acordo pagaria a Shari Redstone mais de US$ 1,5 bilhão por sua participação majoritária na empresa, após o que ela não teria mais qualquer papel na entidade resultante da fusão.

A Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) suspendeu temporariamente essa fusão enquanto negocia com a Paramount Global, especialmente em relação à entrevista do 60 Minutes.

Outra discordância entre a FCC e a companhia envolve iniciativas corporativas de diversidade, segundo o The Wall Street Journal. Brendan Carr, presidente da FCC, já pediu publicamente que empresas de mídia limitem programas de diversidade, equidade e inclusão.

Em fevereiro, a Paramount anunciou o fim de suas políticas de DEI (Direito, Independência e Igualdade), em resposta a uma ordem executiva do então presidente Donald Trump que proibia tais práticas.

Em outubro, Shari Redstone criticou publicamente a decisão de Wendy McMahon de repreender o âncora matinal da CBS News, Tony Dokoupil, após uma entrevista dele com o autor Ta-Nehisi Coates, conhecido pela série de quadrinhos Pantera Negra e Capitão América, sobre o conflito na Faixa de Gaza. A CBS News afirmou que Dokoupil violou os padrões editoriais ao pressionar Coates sobre a falta de uma perspectiva israelense na conversa.

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