CCR: a ação da empresa, que administra rodovias incluindo a Via Dutra, tem a mais alta média de recomendação dos analistas entre companhias de infraestrutura da região (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 08h56.
São Paulo - A dificuldade do governo para controlar a inflação está levando a CCR SA, cuja receita está atrelada à alta dos preços, a ter a melhor recomendação de analistas do setor na América Latina.
A ação da empresa, que administra rodovias incluindo a Via Dutra, principal conexão entre São Paulo e Rio de Janeiro, tem a mais alta média de recomendação dos analistas entre companhias de infraestrutura da região, mesmo depois da disparada de 30 por cento nos últimos 12 meses.
O rating de consenso da empresa é de 4,24, acima de oito empresas do segmento que têm cobertura de pelo menos quatro analistas, segundo dados da Bloomberg. O ganho acumulado de 62 por cento do papel nos últimos dois anos é o nono melhor desempenho dentro do Ibovespa, que acumula recuo de 13 por cento.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não conseguiu baixar a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento desde que assumiu o cargo em 2011, reduzindo o poder de compra da população e piorando a desaceleração, que derrubou o crescimento da economia para 0,9 por cento no ano passado, menor patamar entre as principais nações da América Latina.
Para a CCR, a taxa de inflação em 12 meses de 6,49 por cento é um estímulo, levando analistas a projetarem crescimento de 15 por cento em sua receita este ano, o dobro da alta média de 7,3 por cento estimada para o setor na região.
“Com empresas como a CCR, você tem uma receita estável que é protegida contra a inflação”, disse Henrique Kleine, analista-chefe da Magliano SA, que tem recomendação de compra para o papel. “Dada toda a preocupação sobre a capacidade do Banco Central em manter a inflação sob controle, é um bom jeito de fazer hedge contra a inflação sem sair da bolsa.”
Marcos Macedo, gerente de relações com investidores da CCR, disse que os contratos da empresa dão à companhia uma “vantagem competitiva” em relação a outros setores que não têm reajustes atrelados à inflação.
“Em um cenário de inflação maior, você pode não conseguir atingir suas metas se sua receita não acompanhar os custos”, disse Macedo em entrevista por telefone de São Paulo. “No longo prazo, a inflação não é uma coisa boa. Para os clientes, inflação maior representa aumento de preços e preços mais altos podem acabar reduzindo o volume de vendas.”