Ações: papéis de empresas ligadas à tecnologia caíram nesta semana após a revelação de que o Facebook liberou dados de 50 milhões de usuários para uma empresa de análises (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 22 de março de 2018 às 10h37.
Última atualização em 22 de março de 2018 às 10h48.
A péssima semana do Facebook pode ser apenas o começo de uma reação contra as empresas de tecnologia que pode causar estragos nos mercados globais.
Bilal Hafeez, estrategista de câmbio do Nomura, alertou que uma série de fatores, do populismo à regulação mais rígida, está convergindo para reduzir os preços das ações das empresas de tecnologia em um momento em que as avaliações desses papéis estão perto de níveis extremos. As consequências podem ir muito além dos limites dos mercados de ações, pesando sobre as moedas e beneficiando ativos de refúgio como o iene, escreveu Hafeez em nota publicada na terça-feira.
“A conclusão é que as guerras comerciais, o populismo e a desigualdade de renda podem ser vistos isoladamente, mas quando combinados apontam para uma reação contra o crescimento de setores muito intangíveis e variáveis, como as empresas de dados/plataformas”, disse.
As ações de empresas ligadas à tecnologia caíram nesta semana após a revelação de que o Facebook liberou dados de 50 milhões de usuários para uma empresa de análises que ajudou a eleger o presidente dos EUA Donald Trump. Na semana passada, os investidores estavam injetando dinheiro no setor a um ritmo que não era visto desde o auge da bolha das pontocom. Hafeez não mencionou especificamente a controvérsia do Facebook na nota.
Um gatilho fundamental para o estouro da bolha da tecnologia será a mudança para um clima político mais populista, mostrando que a política dos EUA está se voltando novamente para setores de ativos mais tangíveis, como a manufatura, segundo Hafeez. Entre os demais catalisadores estão um exame mais minucioso sobre o uso dos dados das redes sociais e uma regulação mais rígida.
“Hoje, devido às crescentes preocupações de que as plataformas e bases de dados tenham sido “usadas” por corporações e governos estrangeiros para manipular consumidores e eleitores, há uma reação crescente de indivíduos e governos em relação a como essas plataformas podem operar”, disse Hafeez. “No caso dos governos, o resultado pode ser uma regulação maior sobre como e onde as empresas de dados/plataformas podem operar.”