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'Cash is king': investidores olham colchão de emergentes para dívida

Custos de financiamento de emergentes sobem em meio à desconfiança de investidores e à preferência por ativos mais seguros; colchão de liquidez ajuda na escolha de ativos

Notas de 200 reais: reserva de liquidez para o pagamento de títulos da dívida se torna mais importante com a virada do mercado, dizem analistas (Banco Central/Divulgação)

Notas de 200 reais: reserva de liquidez para o pagamento de títulos da dívida se torna mais importante com a virada do mercado, dizem analistas (Banco Central/Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 25 de março de 2021 às 06h15.

A famosa expressão em Wall Street “O dinheiro é rei” ("Cash is king") poderia muito bem ser o mantra para mercados emergentes neste ano.

Com o aumento implacável dos rendimentos dos Treasuries -- os títulos americanos, considerados os mais seguros do mundo --, o que eleva os custos de financiamento globais, investidores de títulos de países em desenvolvimento estão de olho nas reservas de caixa dos governos em busca de futuros vencedores.

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Rússia, África do Sul e Indonésia podem estar entre os países com melhor desempenho, pois conseguiram um colchão considerável.

“Tudo se resume a flexibilidade e reservas”, disse Francesc Balcells, diretor de investimentos para dívida de mercados emergentes da Fim Partners, em Londres.

“Você quer que os países tenham flexibilidade para enfrentar a tempestade. Portanto, se têm caixa ou estão bem à frente em seu pipeline de emissões, ou se os bancos centrais podem fornecer suporte, todos esses são aspectos positivos que precisam ser considerados.”

Mercados emergentes prosperaram no segundo semestre do ano passado devido ao enfraquecimento do dólar e ao estímulo global recorde, mas o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA nos últimos meses torna as perspectivas muito menos favoráveis.

Muitos países em desenvolvimento enfrentam um dilema: precisam financiar o aumento dos gastos para recuperar as economias atingidas pela pandemia justo quando os custos de financiamento começam a subir.

Em geral, títulos de nações com posição de financiamento superior se saíram melhor durante a onda vendedora deste ano, de acordo com os índices Bloomberg Barclays.

A dívida da África do Sul caiu 1,5% em dólares, os títulos da Rússia perderam 7,1%, enquanto os da Indonésia se desvalorizaram 5,2%. Índices semelhantes para Peru e Brasil, dois países cujas necessidades de emissão são relativamente elevadas, caíram mais de 8%.

Nível de caixa

Embora o ministério das finanças da Rússia não divulgue o caixa total disponível, o valor restante do orçamento em depósitos bancários, empréstimos orçamentários e operações compromissadas era de 1,7 trilhão de rublos (22,3 bilhões de dólares) em março, quase o mesmo valor do ano anterior, apesar do impacto da pandemia.

A África do Sul estima que seu saldo de caixa para o ano fiscal encerrado em março aumentou 25% em relação ao ano anterior, para 294,6 bilhões de rands (20 bilhões de dólares). A Indonésia disse que pode reduzir as emissões de dívida já que tinha mais de 8 bilhões de dólares em fundos não gastos até janeiro.

“A menor emissão da Rússia e da África do Sul se deve aos melhores resultados fiscais, ajudados por um petróleo mais forte, no caso da Rússia, e melhores receitas gerais para a África do Sul”, disse Nick Eisinger, corresponsável de renda fixa ativa de mercados emergentes da Vanguard Asset Services, em Londres.

“As posições populares e muitas emissões, ou pelo menos mais emissões do que o previsto, não são bem recompensadas pelo mercado agora.”

A situação é menos positiva na América Latina. Brasil e Peru estão entre as economias emergentes que devem aumentar as emissões, de acordo com Mary-Therese Barton, responsável por dívida de mercados emergentes da Pictet Asset Management, em Londres.

O vírus continua sendo uma grande preocupação no Brasil, enquanto o equilíbrio fiscal do Peru permanece em território negativo este ano, disse.

No caso do Brasil, o país dispunha de 933 bilhões de reais como reserva de liquidez em fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 24, pelo Tesouro Nacional. Um ano antes, o montante era de 763 bilhões de reais, o que dá um aumento nominal de 22%.

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