Painel de cotações da B3: três ações do Ibovespa encerraram o ano com valorização superior a 100% (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 18h36.
Última atualização em 28 de dezembro de 2023 às 19h08.
O ano de 2023 foi agitado para a bolsa brasileira. Em agosto, o Ibovespa chegou a cair 13 pregões consecutivos, na maior sequência negativa da história do índice. E em dezembro, alcançou o patamar dos 134.000 pontos — uma nova máxima histórica.
As quedas reagiram à expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos, o que derrubou as bolsas no mundo inteiro. A virada veio em dezembro, com a última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em que foram indicados ao menos três cortes nas taxas para 2024.
A mudança abriu as porteiras do otimismo, e os mercados globais embarcaram em um rali no último mês do ano.
A grande vencedora deste ano do Ibovespa foi a empresa de educação Yduqs (YDUQ3), que subiu 123%. O ponto de virada para o papel foi o mês de maio: a ação disparou 73% no mês após apresentar seu balanço do primeiro trimestre. Foi um lucro líquido de R$ 263 milhões, 42% acima do apresentado no mesmo período do ano passado.
O resultado levou os analistas a avaliarem que a Yduqs pode estar diante de um novo patamar de crescimento. Associada ao ciclo econômico, as ações da Yduqs foram as que mais aproveitaram o ciclo de corte de juros deste ano.
Existe ainda uma perspectiva de favorecimento desses papéis com a chegada do governo Lula. “Na mudança de governo, o ministro da Educação, Camilo Santana, deixou claro que quer reduzir ensino à distância. Isso favorece as empresas de educação que têm retorno maior no ensino presencial", avaliou Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.
Além da Yduqs, CSN Mineração (CMIN3) e Ultrapar (UGPA3) foram as duas outras ações do Ibovespa a fechar o ano com valorização acima de 100%. Veja abaixo a lista das dez maiores altas do Ibovespa em 2023:
Na lanterna do índice, a ação que mais caiu no ano foi a da Casas Bahia (BHIA3), que caiu 81%. O ano foi difícil para o setor de e-commerce, que já começou o ano com o escândalo de fraude da Americanas.
“Em um primeiro momento, o caso Americanas parecia positivo para as concorrentes porque haveria um player a menos. Mas o caso deixou investidores muito mais avessos ao risco de investir no setor. O mercado de crédito também apertou, complicando o financiamento dessas empresas”, explicou Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos.
A Casas Bahia, no entanto, teve agravantes. Em agosto, a empresa anunciou um plano de reestruturação, que concentra esforços no varejo e previa o fechamento de até 100 lojas. "Quando uma empresa do tamanho da Casas Bahia avisa ao mercado que vai encolher, isso obviamente preocupa. Valuation é projeção de crescimento, e a companhia está falando ao contrário para o mercado”, disse Cruz.
Depois da decepção com uma oferta de ações descontada em setembro para ajudar a pagar dívidas, os papéis da empresa chegaram a ser negociados abaixo de R$ 1 e foram ameaçados de exclusão do Ibovespa. Para reverter o cenário, a empresa fez um grupamento de ações, na proporção de 25 para 1. Também conhecido como inplit, o movimento é uma junção de papéis para formar uma só ação, e assim aumentar seu valor.
O movimento fez com que o papel da Casas Bahia saísse de ser negociado a R$ 0,50 no dia 14 de dezembro, para o patamar de R$ 11 ao final do ano.
O papel foi destaque absoluto de queda. A segunda maior baixa do ano foi do Pão de Açúcar (PCAR3), que junto à Minerva (BEEF3) teve desvalorização na casa dos 40%. Veja abaixo a lista das dez maiores baixas do Ibovespa em 2023:
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