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Carrefour (CRFB3): expectativa do 2º tri ainda é de aumento nas vendas com margens espremidas

Analistas veem resultados do segundo trimestre impulsionados principalmente pelas vendas do Atacadão, segmento mais resiliente à restrição no poder de compra de consumidores

Carrefour: margens menores ainda são reflexo do ambiente macro, contudo, Auxílio Brasil pode ajudar a 'virar o jogo' de maneira mais acelerada (Germano Lüders/Exame)

Carrefour: margens menores ainda são reflexo do ambiente macro, contudo, Auxílio Brasil pode ajudar a 'virar o jogo' de maneira mais acelerada (Germano Lüders/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 26 de julho de 2022 às 06h30.

O Carrefour (CRFB3) abre a temporada de resultados das empresas de varejo alimentar nesta terça-feira (26), a primeira divulgação depois da conclusão da compra do BIG, anunciada no fim de junho. A expectativa de analistas é de alta nas vendas, impulsionada principalmente pelo Atacadão, e de margens menores, refletindo os desafios principalmente com vendas nos hipermercados — além de promoções na vertical de atacado.

O BTG Pactual estima R$ 22 bilhões em receita no segundo trimestre, aumento de 17,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, com margem Ebitda de 6,4%, queda de 0,8 ponto percentual ante o mesmo período de 2021. O BTG manteve a recomendação de compra para o papel nas prévias do setor. 

Estimativas semelhantes são feitas pelo Itaú BBA. O banco calcula R$ 21,1 bilhões em receita, aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda ficaria em 7,2%, queda de 0,6 ponto percentual na comparação anual. Olhando separadamente para o Atacadão e para a vertical de supermercados, como reflexo da alta da inflação, esta última deve ter a pior queda em margem Ebitda (de 1,5 ponto percentual), enquanto a busca dos consumidores por produtos mais baratos ajuda a segurar o baque na de atacado (queda de 0,2 ponto percentual). O banco também manteve a recomendação de compra dos papéis nas prévias do setor. 

Olhando para o futuro, joga a favor da companhia e do setor o anúncio feito pelo governo nesta semana de pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 até dezembro, de acordo com relatório do BTG Pactual. Segundo as estimativas dos analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, isso vai significar R$ 41 bilhões em desembolsos por parte do governo, que podem impulsionar o consumo de classes menos favorecidas. Para comparação, o 'Coronavoucher' em 2020 fez com que o consumo desse público aumentasse 11% em relação a 2019. 

“Apesar do pagamento do auxílio agora ser menor e do ambiente macro mais desafiador, nós esperamos que o Auxílio Brasil possa impulsionar o consumo nos próximos meses, principalmente entre lares de classes menos favorecidas e em setores essenciais, como o varejo alimentar”, escrevem os analistas do BTG. 

Por enquanto, em meio à restrição no poder de compra dos consumidores e ao ambiente de maior inadimplência – que promete ser ‘vilã’ até mesmo dos balanços de grandes bancos – a estimativa do Itaú BBA é a de que o banco Carrefour consiga segurar o baque, com aumento de receita compensando provisões adicionais. É uma visão diferente da do J.P. Morgan. O banco estrangeiro aponta, em relatório, que o ambiente macroeconômico atual pode trazer dificuldades para as provisões feitas pelo banco. Esse fator, somado à estimativa de que a integração com o BIG pode levar 18 meses para trazer resultados, fizeram com que o J.P, Morgan mantivesse recomendação neutra para os papéis do Carrefour (CRFB).

Aprofundando a visão para o lado operacional, o banco acredita que há resultados relevantes a serem colhidos em médio prazo para o Carrefour, com crescimento contínuo a partir das sinergias capturadas com a aquisição. Contudo, a ampliação da presença do Assaí em São Paulo – onde está a maior parte das lojas de hipermercados – ainda fazem com que a casa tenha uma postura mais conservadora em relação à rede francesa, com recomendação neutra para os papéis. Hoje, não custa lembrar, a distância entre Carrefour e Assaí ainda é enorme: o grupo tem mais de 900 lojas espalhadas pelo país e um market share de 17,7%, mais do que o dobro do Assaí (7,7%). 

A estratégia da rede para manter (ou até mesmo ampliar) essa vantagem, por enquanto, consiste em uma bastante similar à do Walmart quando chegou ao Brasil: se tornar um híbrido entre hipermercado e atacado, tentando aproveitar o melhor que os dois mundos podem oferecer. Apesar de o primeiro estar 'em baixa', vai receber 47 novas lojas a partir da aquisição do BIG e deve, cada vez mais, se tornar um ponto estratégico para a operação de e-commerce e para a expansão do banco Carrefour — via vendas de produtos com tíquete médio mais elevado. O Atacadão, que deve receber mais 70 novas lojas, ao todo, continuará sendo um ponto estratégico para venda de produtos com margem elevada.

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