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Carrefour Brasil (CRFB3): venda perde fôlego em dezembro, mas 2025 começa melhor

No quarto trimestre, a varejista teve lucro líquido ajustado de R$ 1,8 bilhão, impulsionado pelo reconhecimento de R$ 1 bilhão em créditos tributários diferidos, decorrentes da reestruturação do Grupo BIG

Carrefour: grupo converteu 22 lojas do Carrefour Hipermercado para os formatos Atacadão e Sam’s Club, além de vender ou fechar unidades menos rentáveis. (Leandro Fonseca/Exame)

Carrefour: grupo converteu 22 lojas do Carrefour Hipermercado para os formatos Atacadão e Sam’s Club, além de vender ou fechar unidades menos rentáveis. (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 20h15.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 21h25.

O quarto trimestre veio do Carrefour Brasil veio em linha com o esperado pelo mercado, mas exigiu mais resiliência. De acordo com o CEO Stephane Maquaire, o ritmo de crescimento ficou mais lento em dezembro.

A empresa viu iniciativas como o parcelamento em até três vezes para as compras como uma das ferramentas para lidar com o impacto da inflação nas vendas.

"Dezembro foi um pouco mais fraco do que o esperado, mas janeiro e fevereiro mostram uma tendência positiva. O primeiro trimestre será um período crucial para consolidar essa retomada", afirmou Maquaire.

Essa estratégia resultou em um aumento das despesas financeiras, mas, segundo o CFO Eric Alencar, a decisão foi acertada. "A gente acredita que existe um componente de clientes que realmente se beneficia muito de poder utilizar os três vezes, de forma que o Grupo Carrefour tem um custo financeiro nisso, mas ele é mais do que offsetado pelas vendas incrementais", explicou.

As vendas brutas do grupo somaram R$ 32,8 bilhões no trimestre, uma alta de 5,5% em relação ao ano anterior. O Atacadão manteve sua posição de destaque, com crescimento de 9,6% nas vendas brutas no trimestre e um avanço de 6,3% nas vendas em mesmas lojas (like-for-like). Ao longo do ano, foram abertas 19 novas unidades do Atacadão, consolidando a liderança do formato no Brasil. "Nossa estratégia de expansão e aumento da relevância junto aos clientes B2C tem se mostrado eficaz, garantindo um desempenho acima do mercado", afirmou Maquaire.

O varejo tradicional, que passou por um processo de reestruturação, registrou crescimento de 5,9% nas vendas comparáveis no trimestre, refletindo ajustes estratégicos no portfólio e na precificação. Durante o ano, o grupo converteu 22 lojas do Carrefour Hipermercado para os formatos Atacadão e Sam’s Club, além de vender ou fechar unidades menos rentáveis. "Com a reorganização do nosso portfólio, conseguimos maior eficiência operacional e melhoramos nossa competitividade no mercado", destacou Maquaire.

O Sam’s Club apresentou um crescimento expressivo de 14% na receita durante o trimestre, impulsionado pela fidelização de clientes e pela abertura de sete novas unidades ao longo de 2024. O formato também registrou aumento na penetração de produtos de marca própria, elevando a atratividade do clube de compras. No digital, o Carrefour Brasil obteve um crescimento de 19,3% no GMV (Gross Merchandise Volume), atingindo R$ 3,4 bilhões, com destaque para o e-commerce alimentar, que representou 10,5% das vendas do grupo.

No quarto trimestre, a varejista teve lucro líquido ajustado de R$ 1,8 bilhão, impulsionado pelo reconhecimento de R$ 1 bilhão em créditos tributários diferidos, decorrentes da reestruturação do Grupo BIG. "O reconhecimento desse crédito é um impacto pontual e contábil, e não reflete diretamente uma geração de caixa imediata", ponderou Alencar. O Ebitda ajustado consolidado no trimestre foi de R$ 1,9 bilhão, com margem de 6,5%.

O Banco Carrefour também apresentou crescimento, com faturamento 15,8% maior no trimestre e expansão de 16% na carteira de crédito, mesmo diante dos desafios regulatórios impostos pelo teto de juros no setor financeiro. "A nova regulamentação impôs desafios, mas nossa disciplina na concessão de crédito e gestão de custos permitiu um desempenho sólido", afirmou Alencar.

A dívida líquida do grupo encerrou o ano em R$ 10 bilhões, refletindo um aumento em relação a 2023. "Apesar do crescimento da dívida, seguimos comprometidos com a disciplina financeira e buscamos otimizar o capital para garantir sustentabilidade de longo prazo", explicou Alencar.

Ao longo do ano, o Carrefour Brasil realizou a venda de ativos, buscando também reforçar seu fluxo de caixa. "A venda de ativos foi uma decisão estratégica para reforçar nossa liquidez e melhorar a estrutura de capital, permitindo que possamos continuar investindo em áreas prioritárias", diz Maquaire. De acordo com Alencar, a empresa vai seguir analisando e aproveitando oportunidades no mercado.

Fechamento de capital

O grupo francês Carrefour, controlador da varejista brasileira, propôs o fechamento de capital da companhia. "Esse processo passa por diversas etapas formais, incluindo a análise de um comitê independente e a deliberação dos acionistas. Seguimos acompanhando o andamento e respeitando todos os trâmites necessários", afirmou Eric Alencar. O processo segue em análise e ainda deverá ir à aprovação dos acionistas. 

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