Mercados

Captações externas chegam a US$ 20 bi

Empresas brasileiras passaram o Reino Unido em captações, ficando atrás apenas dos EUA e do Canadá

O Itaú, maior banco latino-americano por valor de mercado, captou US$ 1,25 bilhão em títulos com prazo de 10 anos a uma taxa de 5,65% em 12 de março (Pedro Zambarda/EXAME.com)

O Itaú, maior banco latino-americano por valor de mercado, captou US$ 1,25 bilhão em títulos com prazo de 10 anos a uma taxa de 5,65% em 12 de março (Pedro Zambarda/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 09h31.

Nova York - As captações externas de empresas brasileiras, lideradas por operações do Itaú Unibanco Holding SA, já chegam a US$ 20 bilhões este ano, valor que deixa as emissões do País só atrás das feitas por companhias dos Estados Unidos e do Canadá.

As captações corporativas internacionais do Brasil deram um salto de 65 por cento este ano em relação aos US$ 12,2 bilhões do mesmo período de 2011, de acordo com dados apurados pela Bloomberg. As emissões em títulos em dólares estão a caminho de superar as feitas por empresas do Reino Unido, terceiro maior emissões desses papéis em 2011. As captações dos Estados Unidos acumulam um total de US$ 208 bilhões este ano, seguidas pelos US$ 25,7 bilhões em emissões do Canadá.

O aumento nas ofertas é parte de um movimento mundial liderado pela crescente demanda por ativos de maior rendimento com a aceleração da economia americana e com a crise de dívida na Europa tornando-se mais amena. A taxa de títulos corporativos brasileiros caiu 118 pontos-base desde outubro e chegou a tocar a mínima histórica de 5,65 por cento este mês, mostram dados do JPMorgan Chase & Co. Fundos de renda fixa em todo o mundo acumulam US$ 861 milhões em títulos do governo e de empresas brasileiras este ano até 9 de março. Entre mercados emergentes acompanhados pela empresa de pesquisas EPFR Global, esse número só perde para o México.

“As pessoas têm muito dinheiro reservado e querem colocá- lo para render”, disse Doug Chen, chefe de distribuição de renda fixa do Itaú, em entrevista por telefone de Nova York. “Está sendo redirecionado para a América Latina. Tem mais dinheiro buscando muito poucos ativos.”

Os títulos emitidos por empresas brasileiras pagam em média 144 pontos-base, ou 1,44 ponto percentual, a mais do que os papéis denominados em dólar do governo brasileiro, comparado a uma diferença de 154 pontos há um mês, de acordo com o JPMorgan.

Colocação da Petrobras

O Itaú, maior banco latino-americano por valor de mercado, captou US$ 1,25 bilhão em títulos com prazo de 10 anos a uma taxa de 5,65 por cento em 12 de março. Foi a segunda oferta da instituição este ano. Na semana passada, a OSX Brasil SA, empresa de serviços para o setor de petróleo sediada no Rio de Janeiro e controlada pelo bilionário Eike Batista, emitiu US$ 500 milhões em notas com prazo de três anos e taxa de 9,25 por cento.

“Iniciamos com uma oferta benchmark, que envolve US$ 500 milhões e, em poucas horas, tivemos demanda de US$ 5,8 bilhões, vinda de cerca de 300 contas”, disse Sergio Lima, chefe da área de funding do Banco Itaú BBA SA, unidade de banco de investimento do Itaú, em entrevista por telefone de São Paulo em 17 de março. “O que vemos é que a economia brasileira tem boa performance e, para o investidor, papéis brasileiros representam uma boa oportunidade.”

A Petróleo Brasileiro SA captou US$ 7 bilhões no mês passado na maior colocação de dívida no mercado internacional já feita por uma empresa brasileira. Seis companhias venderam pelo menos US$ 1 bilhão em dívida no exterior em 2012, incluindo o Itaú, que é sediado em São Paulo.


Governos e empresas de mercados emergentes levantaram uma quantia recorde de US$ 92,4 bilhões em títulos denominados em dólares no mercado externo este ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“É mais um reflexo do ambiente macroeconômico global, no qual as economias em desenvolvimento estão crescendo mais rápido do que o mundo desenvolvido”, disse Jansen Mora, analista de dívida corporativa da BCP Securities no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone.

O Fundo Monetário Internacional estima que países em desenvolvimento vão crescer 5,4 por cento este ano, comparado a uma expansão de 1,2 por cento para as economias avançadas. A economia brasileira vai crescer 3,3 por cento este ano, após uma expansão de 2,7 por cento em 2011, de acordo com a pesquisa semanal do Banco Central com economistas, publicada em 12 de março.

Recuo nas emissões

A economia americana vai se expandir 2,2 por cento, mais do que a taxa de 1,7 por cento de 2011, de acordo com a estimativa mediana de 90 analistas participantes de uma sondagem da Bloomberg.

Michael Schoen, chefe de mercados de capitais de dívida para América Latina do Credit Suisse Group AG, disse que as emissões corporativas brasileiras podem minguar porque as grandes companhias já acessaram o mercado. O Credit Suisse ocupa a 11ª posição no ranking de originação de dívida em dólar na América Latina este ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Você continuará vendo operações do Brasil, mas talvez não tantas colocações de vários bilhões de dólares no futuro próximo”, disse Schoen em entrevista por telefone de Nova York. “Haverá muitas novas emissões, mas pode ser difícil equiparar o volume de emissões porque muitas das maiores emissoras já realizaram suas operações.”

Os bancos brasileiros já captaram um total de US$ 7,14 bilhões este ano, em parte para atender às regras de Basileia III, lançadas para aumentar a capacidade de instituições financeiras em todo o mundo de administrar riscos, por meio da exigência de níveis de capital maiores.

“As novas regras entrarão em vigor, que vão exigir que os bancos levantem mais capital, e os bancos maiores estão se adiantando”, disse Chen, do Itaú. “Há muitas necessidades de financiamento e um infraestrutura que ainda precisa ser desenvolvida no Brasil. Empresas estão crescendo, estão investindo e precisam de financiamento.

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