Mercados

Captações acima de US$ 1 bi se multiplicam por nove

O valor médio das emissões de títulos em dólar subiu 85% nos últimos dois anos para US$ 577 milhões, o mais alto desde 1999

O Banco do Brasil levantou US$ 1,5 bilhão com a venda de títulos com prazo de 10 anos a um rendimento de 6,04% (Fernando Lemos/VEJA Rio)

O Banco do Brasil levantou US$ 1,5 bilhão com a venda de títulos com prazo de 10 anos a um rendimento de 6,04% (Fernando Lemos/VEJA Rio)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2011 às 10h53.

Nova York - O tamanho das captações externas está crescendo. O Banco do Brasil SA e a Marfrig Alimentos SA estão entre as empresas brasileiras que levaram o valor médio das ofertas de dívida no mercado internacional para um recorde.

O valor médio das emissões de títulos em dólar subiu 85 por cento nos últimos dois anos para US$ 577 milhões, o mais alto desde que a Bloomberg começou a compilar os dados em 1999. Nos Estados Unidos, o tamanho médio das captações corporativas diminuiu 19 por cento no período para US$ 585 milhões.

Após a economia ter registrado o crescimento anual mais rápido em duas décadas, as empresas do País estão aumentando o tamanho das ofertas para custear investimentos que vão da perfuração de poços de petróleo à ampliação do crédito ao consumidor.

“Olhando para trás, a curva mudou porque o Brasil está crescendo e a necessidade de financiamento e investimento é muito maior”, Alexandre Aoude, chefe global de renda fixa do Itaú Unibanco Holding SA, o sexto maior coordenador de emissões de títulos em dólar este ano, disse em entrevista em Nova York em 19 de maio.

A crescente demanda por ativos de mercados emergentes está reduzindo o custo de financiamento. O rendimento médio dos papéis de empresas brasileiras desabou para o menor patamar em seis meses de 5,84 por cento na semana passada, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

Empresas brasileiras captaram US$ 1 bilhão ou mais em 27 ofertas desde maio de 2009, comparado a três emissões deste tamanho nos dois anos anteriores, segundo dados da Bloomberg. As emissões em dólar somam US$ 24,4 bilhões este ano. Durante todo o ano de 2010, as captações chegaram a US$ 37,2 bilhões.

OGX, Petrobras

A perspectiva do rating de crédito brasileira, de BBB-, foi elevada de estável para positiva ontem pela Standard & Poor’s, segundo comunicado enviado pela agência, citando as expectativas de crescimento e de melhora na posição fiscal do País.

A OGX Petróleo & Gás Participações SA, controlada pelo bilionário Eike Batista, pretende emitir US$ 2 bilhões em dívida já esta semana em sua primeira oferta no exterior, de acordo com uma pessoa familiarizada com a operação que pediu anonimato por não estar autorizada a falar publicamente. A OGX planeja investir US$ 18,8 bilhões nos próximos cinco anos na produção de petróleo, segundo o Bank of America Corp.

A OGX não quis comentar a oferta, segundo informações da assessoria da empresa, no Rio de Janeiro.

A estatal Petróleo Brasileiro SA vendeu US$ 6 bilhões em títulos em 20 de janeiro para ajudar a financiar um plano de investimentos de cinco anos de US$ 224 bilhões, o maior da indústria petrolífera mundial. A emissão, a maior oferta de títulos privados do País, empatou com a realizada pela General Electric Capital Corp. como a maior do tipo nos últimos 11 meses.


Aumenta a demanda

O Banco do Brasil, maior da América Latina em ativos, levantou US$ 1,5 bilhão com a venda de títulos com prazo de 10 anos a um rendimento de 6,04 por cento em 19 de maio. A instituição projeta que o volume de crédito vai aumentar até 20 por cento este ano no País, à medida em que a expansão econômica alimenta a demanda por financiamentos. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Produto Interno Bruto vai se expandir 4,5 por cento este ano, após um crescimento em 2010 de 7,5 por cento.

Inicialmente, a oferta do BB seria de US$ 500 milhões, mas o montante foi elevado por conta da demanda dos investidores, que chegou a US$ 3,75 bilhões, disse o diretor financeiro da instituição, Ivan de Souza Monteiro, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro.

“O tamanho e a sofisticação da economia brasileira estão atraindo um número crescente de atores à nosso grupo de investidores”, disse Monteiro.

Oferta da Marfrig

A Marfrig, segunda maior produtora de carne bovina da América Latina, vendeu US$ 750 milhões em títulos com prazo de sete anos a um rendimento de 8,6 por cento em 4 de maio. A média das duas ofertas anteriores da companhia foi de US$ 438 milhões, segundo dados da Bloomberg.

A taxa extra exigida por investidores para ter títulos do governo brasileiro em dólar em vez de papéis dos Estados Unidos subiu 3 pontos-base para 165 ontem, segundo o JPMorgan.

“Empresas grandes em grandes economias estão querendo investimentos maiores”, Jerome Booth, que ajuda a administrar cerca de US$ 47 bilhões em ativos de mercados emergentes como co-fundador e chefe de pesquisa da Ashmore Investment Management, disse em entrevista por telefone. “O mercado vai suportar. O importante é que o dinheiro será em sua maior parte aplicado em usos produtivos.”

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasAlimentos processadosCarnes e derivadosMarfrigBancosBB – Banco do BrasilMercado financeiroTítulos públicos

Mais de Mercados

Governo do Canadá intervém para deter greve da Air Canada

Após lucro fraco, Air Canada enfrenta greve que paralisa 200 voos diários para os EUA

O que EUA e Argentina têm em comum? Investidores veem 'paralelos preocupantes'

Do Drex à inteligência artificial 'explicável': As 5 inovações que vão mudar o mercado financeiro