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Captação recorde de fundos de ações compensa saída de estrangeiros

Fundos locais captaram R$ 47,7 bilhões até setembro, rumo à maior entrada líquida desde 2006

Ibovespa já avançou cerca de 20% desde o começo do ano, com o governo brasileiro avançando com uma reforma no sistema previdenciário (Getty Images/Getty Images)

Ibovespa já avançou cerca de 20% desde o começo do ano, com o governo brasileiro avançando com uma reforma no sistema previdenciário (Getty Images/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 19 de outubro de 2019 às 08h30.

Última atualização em 19 de outubro de 2019 às 08h30.

Os investidores estão colocando dinheiro nos fundos de ações brasileiros no ritmo mais acelerado em pelo menos uma década, ajudando a alimentar o rali do mercado acionário com melhor performance da América Latina ao longo dos últimos doze meses.

Os fundos de ações locais captaram R$ 47,7 bilhões neste ano até setembro, rumo à maior entrada líquida anual desde ao menos 2006, de acordo com a série histórica da Anbima. Esse movimento ocorre em meio à retirada de recursos por parte dos investidores estrangeiros da bolsa brasileira.

“A captação dos fundos de ações está ligada à queda da Selic, mas esse movimento está muito no começo”, disse Marcos Peixoto, co-chefe de renda variável da XP Asset Management. “É uma tendência que vai durar alguns anos”, disse Peixoto, que tem cerca de R$ 6 bilhões sob gestão.

O Ibovespa já avançou cerca de 20% desde o começo do ano, com o governo brasileiro avançando com uma reforma no sistema previdenciário, um item-chave da agenda do presidente Jair Bolsonaro para colocar as contas públicas em uma trajetória mais sustentável. Com a inflação comportada permitindo que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, investidores estão sendo incentivados a migrar de títulos do governo e da poupança para fundos multimercado e de ações.

O entusiasmo com ações brasileiras, contudo, não é universal. Os investidores estrangeiros já tiraram cerca de R$ 4,1 bilhões de ações brasileiras no ano, contabilizando fluxos do mercado secundário e de ofertas de ações, de acordo com dados da B3. Excluindo as ofertas, a saída no acumulado do ano salta para R$ 30 bilhões - com uma retirada de cerca de R$ 9,9 bilhões apenas nas duas primeiras semanas de outubro.

Os estrangeiros ainda não voltaram a tomar risco, disse Morgan Harting, gestor de recursos da AllianceBerstein em Nova York. “Isso é uma combinação de portfólios globais sendo mais defensivamente posicionados e algum ceticismo sobre o espaço que há para o mercado andar, particularmente com o crescimento da economia ainda bem devagar.”

Os indicadores de atividade têm produzido surpresas majoritariamente negativas neste ano. Economistas projetam um crescimento do PIB deste ano de apenas 0,9%, contra uma estimativa de crescimento de 2,5% no começo do ano.

“Estou muito otimista com os alicerces sendo estabelecidos para crescimento futuro”, disse Will Pruett, gestor da Fidelity, que está overweight em ações brasileiras na América Latina e supervisiona US$ 542 milhões. “Para outros no mercado, evidências tangíveis, como aceleração do PIB, podem ser necessárias.”

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