SÃO PAULO - O dólar operava em baixa nesta quarta-feira, em linha com a desvalorização da divisa nos mercados internacionais, no dia em que a taxa de juro brasileira deve retomar o ciclo de alta.

Às 10h42, o dólar era vendido a 1,671 reais, em queda de 0,42 por cento.

O Comitê de Política Monetária encerra nesta quarta a reunião iniciada na véspera e a previsão de economistas é de que a Selic suba para 11,25 por cento, dos atuais 10,75 por cento.

"Acreditamos que este primeiro movimento com os juros da nova gestão do Banco Central estará calcado em um balanço de riscos pior que o observado no encontro de dezembro, por conta de pressões inflacionárias no âmbito doméstico e um viés inflacionário da economia global derivado de choques de oferta de commodities, que, por sua vez, podem se tornar choques secundários", afirmou o Bradesco em boletim diário sobre o mercado e a economia.

A taxa de juro elevada deve continuar atraindo investidores estrangeiros, o que engrossa o fluxo de ingressos e, por consequência, a valorização do real. Dados do Banco Central na semana passada mostraram que a entrada de capitais no país alcançou 4,099 bilhões de dólares na primeira semana do ano. O BC publica dados mais recentes ainda nesta quarta-feira.

"Já está embutido no preço uma elevação do juro, é praticamente certo, mas de todo jeito atrai maior capital de fora", lembrou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora. "Mas o que influencia mesmo hoje é lá fora, todas as moedas se valorizando frente ao dólar."

No exterior, o dólar perde terreno para diversas moedas, enquanto investidores aguardam novos dados sobre a economia norte-americana. O dado sobre construção de moradias em dezembro será divulgado às 11h30 (horário de Brasília).

O dólar caía 0,54 por cento frente a uma cesta de moedas <.DXY>. O euro, por sua vez, ganhava 0,67 por cento, a 1,3479 dólar , impulsionado por compras de fundos soberanos e por coberturas de posições vendidas. Dados recentes como a melhora na confiança do investidor na Alemanha e o aumento da previsão oficial para o crescimento da economia alemã em 2011 ajudavam a dar fôlego de alta para a moeda única europeia.

Battistel lembrou que o mercado aqui segue evitando derrubar muito a cotação do dólar, sempre na expectativa de que o Banco Central possa reforçar a atuação no câmbio. A autoridade monetária continua com as compras diárias no mercado à vista, mas até o momento só realizou um leilão de swap cambial reverso, na sexta-feira passada.