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Da Redação
Publicado em 3 de março de 2011 às 20h58.
São Paulo - O dólar caiu pelo segundo dia consecutivo ante o real nesta quarta-feira, renovando a mínima em dois meses, em meio a perspectivas de que a moeda siga em queda no curto prazo, um dia após a Selic ser elevada a 11,75 por cento ao ano.
A divisa norte-americana fechou em baixa de 1,652 por cento, a 0,48 real na venda, na mínima cedendo a 1,651 real, mesma cotação atingida em 3 de janeiro passado.
"O que está acontecendo é que os vendedores continuam pautando o movimento do mercado. Eles seguiram atuando na venda no mercado futuro, e isso refletiu nas operações do à vista", afirmou Luiz Antônio Abdo, gerente de câmbio da corretora Souza Barros.
Abdo se referia às posições vendidas em dólar por parte de investidores estrangeiros no segmento futuro, que na véspera somavam 13,609 bilhões de dólares, ante 13,268 bilhões de dólares na terça-feira.
No mercado de câmbio futuro, a taxa para abril de 2011 <2DOLJ1> recuava 0,33 por cento, a 1,660 real, com mais de 241 mil contratos negociados para esse vencimento, perdendo o suporte de 1,665 real calculado por analistas da Empiricus.
"A perda (desse suporte) leva o ativo para a faixa de 1,656 real. Para cima tem como resistência importante a faixa de 1,675 real, porém para um movimento de alta no longo prazo, somente rompendo a faixa de 1,700 real", escreveram analistas gráficos da empresa de análise em relatório enviado a clientes pela Interbolsa do Brasil.
Na visão de Abdo, a combinação de taxas de juros atrativas e estabilidade econômica do Brasil contribui para apostas de queda do dólar no curto prazo, uma vez que estimula mais ingressos de recursos.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o aumento da Selic em 0,5 ponto percentual, em linha com a expectativa majoritária do mercado. A taxa agora está em 11,75 por cento ao ano, bem acima, por exemplo, da praticada nos Estados Unidos (entre zero e 0,25 por cento) e na zona do euro (1 por cento).
Nesta sessão, o mercado soube que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 7,5 por cento em 2010, maior taxa em 24 anos. Profissionais disseram, contudo, que o dado pouco teve impacto sobre as operações cambiais.
Nesse contexto, a agência de classificação de risco Moody's disse nesta tarde que espera decidir até a metade deste ano se elevará o rating soberano brasileiro.
BC Na visão do operador de câmbio de um banco dealer, o fato de o Banco Central ter atuado apenas com um leilão de compra de dólares no mercado à vista também favoreceu a queda do dólar.
"O BC entrou só uma vez e mal conseguiu tirar a moeda das mínimas (da sessão)", afirmou, sob condição de anonimato.
Segundo ele, o tom positivo no cenário --com as bolsas de valores globais em alta e o dólar em queda ante o euro-- corroborou o movimento cambial em âmbito interno.
As bolsas em Nova York <.DJI> <.IXIC> <.SPX> subiam após dados melhores que o esperado sobre os pedidos de auxílio-desemprego, enquanto o euro se aproximava de 1,40 dólar, máxima desde o início de novembro, por perspectivas de aumento de juro na Europa em breve.
Na sexta-feira, os agentes ficarão atentos ao relatório geral de emprego nos Estados Unidos. Em âmbito interno, vale citar a leitura de fevereiro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com divulgação prevista pela manhã.