São Paulo - O dólar acelerou a alta após o anúncio de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falará hoje às 15h30 sobre câmbio. O anúncio foi feito neste início de tarde pela assessoria de imprensa do ministério por e-mail.

O dólar subia 1,05 por cento às 12h47, para R$ 1,6645. A moeda brasileira se deprecia na contramão do euro, que volta a subir diante do dólar no exterior e chegou a ser cotado acima de US$ 1,34.

“Tomara que o ministro não tente segurar o real apenas no gogó, porque se for assim o dólar acaba voltando”, disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora de Câmbio e Valores, em entrevista por telefone de São Paulo. Segundo Battistel, o simples anúncio de que o ministro falará “já teve efeito”.

Hoje mais cedo, o dólar abriu em alta, após fechar ontem no menor nível desde agosto de 2008, antes da crise de crédito global. A moeda se valorizou com a expectativa de que o governo ou o Banco Central atuem para conter a valorização do real.

‘Outras medidas’

“É aquela conversa que já ouvimos no final do ano passado de que o novo governo pode adotar alguma medida”, disse Felipe Brandão, analista de mercado emergente da ICAP Brasil, terceira maior corretora de câmbio em número de contratos na BM&FBovespa.

Mantega disse em 30 de dezembro que ”provavelmente” o governo tomaria novas medidas em relação a valorização do real a partir de janeiro.

“Essa questão será enfrentada no próximo governo a partir de janeiro com, provavelmente, outras medidas que vamos tomar”, disse Mantega a repórteres em Brasília naquela ocasião.

O dólar encerrou ontem a R$ 1,6472, o menor fechamento desde 29 de agosto de 2008. O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse ontem que o governo não ficará “passivo, inerte” à valorização do real.

A coluna de renda fixa mostra hoje que o ciclo de valorização da moeda brasileira está chegando ao fim após dois anos de alta, de acordo com pesquisa da Bloomberg. O real vai perder 3,1 por cento do valor com relação ao dólar este ano, segundo a mediana das projeções de analistas.