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Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 10h54.
SÃO PAULO - O dólar operava em leve baixa nesta quarta-feira, um dia após o Banco Central anunciar uma nova forma de intervenção no mercado de câmbio, desta vez com leilão de compra a termo. A visão inicial de especialistas é de que a medida não terá forte impacto no sentido de desvalorizar o real, mas sim continuar brecando uma apreciação mais forte.
Às 10h30, o dólar era vendido a 1,669 real, em queda de 0,12 por cento.
Em anúncio na terça-feira após o fechamento do mercado, o BC divulgou que fará compra de dólares com liquidação a termo, em prazo a ser definido no momento do anúncio.
"(A operação a termo) está sendo feita porque se tiver alguma operação pontual ali, vai ter uma entrada X na quarta-feira na semana que vem, você já sabe, o Banco Central pode contratar essa operação", explicou Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez. "Isso não está muito claro, o mercado não tem uma visão clara do que é a intenção da medida."
As outras medidas de intervenção não mudam, com continuidade dos leilões de compra à vista (liquidação em dois dias úteis) e dos leilões de swap cambial reverso, que servem como compra futura. Vale lembrar também a elevação, no ano passado, do imposto sobre a entrada de capital estrangeiro para aplicações em renda fixa.
Na opinião de Jorge Lima, consultor financeiro da Previbank DTVM, o governo está basicamente tentando tirar o excesso de liquidez do sistema, "não deixar o dólar cair a patamares de 1,60 real".
"Outras medidas podem vir, mas os instrumentos que o BC está utilizando são todos. Já utilizou IOF, swap reverso, está comprando duas vezes (no à vista), agora o (leilão) a termo; usa o arsenal que tem, mas é uma avalanche de entradas", afirmou Lima.
O RBS também destacou, em relatório, que o impacto das medidas é incerto, mas acredita que seja pequeno, uma vez que a liquidez está concentrada "entre o mercado spot e o mercado de futuros, com o mercado a termo sendo muito menor".
"Ainda assim... pode gerar alguma incerteza e o impacto colateral provavelmente será em pressionar a ponta curta do cupom cambial", afirmou o RBS, em nota. "A decisão parece um esforço de fechar qualquer brecha para capturar todos os lados do mercado."
PRÓXIMO PASSO E TENDÊNCIA GLOBAL
Lima acredita que um próximo passo poderia ser restringir entradas específicas de recursos, como uma quarentena. "Mas o Brasil não pode abrir mão de dinheiro de longo prazo para investimentos, então deve ser para operações especulativas", avaliou, acrescentando que "o governo não vai abrir mão de jeito nenhum do câmbio flutuante".
Outro passo apontado por especialistas será a ajuda da política fiscal, com um corte no orçamento podendo ajudar o Banco Central na política monetária.
"A tendência é de baixa do dólar, isso não é um fenômeno local, mas aqui toma proporções muito maiores dada a situação confortável que o país está hoje", disse Lima.
O Banco Safra destacou, em relatório, que a alta do real resulta da atratividade da economia brasileira, com redução do prêmio de risco soberano do país, e também farta liquidez internacional, em meio aos juros globais em níveis baixos, diferencial de juros.
"Nossa estimativa é de apreciação adicional do Real em 2011, por conta da expectativa da permanência das condições acima mencionadas", afirmou o banco, em relatório. "Assim, mantemos nossa projeção para a cotação do dólar no final de 2011 em 1,65 real."
Lá fora, o dólar caía 0,24 por cento frente a uma cesta de moedas, no aguardo da reunião de política monetária do Federal Reserve. A previsão é de que não haja mudança na taxa de juro, atualmente perto de zero, e o foco recai sobre o comunicado que acompanha a decisão.