Oferta de ações da seguradora da Caixa deve ser a primeira operação. (Nadia Sussman/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 3 de setembro de 2019 às 15h06.
Última atualização em 8 de junho de 2020 às 14h45.
A Caixa Econômica Federal pretende vender a participação que tem no banco Panamericano e abrir o capital de algumas subsidiárias. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, entre os negócios que o banco pretende abrir à iniciativa privada estão os braços de seguros e cartões. As intenções foram apresentadas durante a divulgação do balanço da instituição, realizada hoje (3).
A oferta de ações da seguradora deve, de acordo com Guimarães, ser a primeira operação. Ele explicou que, como a empresa de cartões faz parte da Caixa Participações, holding do banco, o processo é mais complexo.
Sobre o Panamericano, adquirido pela Caixa em 2009, Guimarães disse que a instituição não se encaixa na estratégia do banco, por isso, em algum momento deve ser vendido. "Não existe nenhuma pressa para vender a participação no Panamericano. Só que a participação no Panamericano não é estratégica. Já conversei com o ministro [da Economia] Paulo Guedes. Nós vamos vender tudo o que não é estratégico, seja de uma maneira integral, seja parcial", ressaltou.
Presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que a instituição vai vender sua participação no banco Panamericano - Arquivo/Agência Brasil
As negociações para abrir o capital das subsidiárias serão facilitadas, segundo o presidente da Caixa, com a retirada da ressalva que havia no balanço do banco devido às acusações do envolvimento de dirigentes e ex-administradores em ações ilegais. Desde 2017, a auditoria responsável por avaliar a confiabilidade dos números apresentava a possibilidade de riscos de perdas pelo envolvimento nas fraudes.
Os riscos surgiram após a deflagração das operações A Origem, Cui Bono?, Sepsis e Patmos, conduzidas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. Segundo as investigações, agentes políticos teriam recebido propinas para fraudar a liberação de empréstimos para empresas. As notícias do esquema, conforme o próprio balanço, começaram a ser divulgadas em 2015, e levaram a Caixa a contratar uma investigação independente para apurar as denúncias, em 2017.
Porém, segundo Guimarães, os riscos de problemas foram afastados pela auditoria nesse balanço, recuperando a credibilidade do banco. "É muito importante para quando nós façamos uma abertura de capital em uma das novas subsidiárias, com ressalva, muitos investidores estrangeiros poderiam não aderir", disse Guimarães.
A Caixa apresentou alta no lucro líquido do primeiro semestre, de 22,2% em comparação com o mesmo período de 2018. Segundo o balanço do banco, de janeiro a junho, o lucro chegou a R$ 8,1 bilhões. No segundo trimestre, o lucro líquido teve alta de 21,6%, registrando R$ 4,1 bilhões.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou como grande avanço a retirada da ressalva do balanço do banco pela auditoria responsável por avaliar a confiabilidade dos números. Desde 2017, os balanços do banco apresentavam a possibilidade de riscos de perdas devido as suspeitas de envolvimento de administradores e ex-administradores em ações ilegais.
A carteira de crédito da Caixa, no entanto, foi reduzida ao longo dos últimos 12 meses. Em junho deste ano, o banco tinha um saldo de R$ 682,4 bilhões em empréstimos, 1,9% menor do que o verificado em junho de 2018. De acordo com o balanço, a retração foi puxada por uma diminuição de 7,9% no crédito comercial para pessoa física e 30,7% no concedido para empresas. Por outro lado, houve aumento de 3,6% no crédito habitacional e 1,2% para infraestrutura.
No crédito imobiliário, a Caixa detém 69% do mercado, com uma carteira de R$ 452,3 bilhões, sendo que, desses, R$ 176,1 bilhões são com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em relação ao programa Minha Casa, Minha Vida, foram contratados R$ 17 bilhões.
A taxa de inadimplência teve queda de 0,04 ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2018, ficando em 2,46%.