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Café a R$ 1,60 e prejuízo alto: o novo normal do delivery chinês

JD.com, Meituan e Alibaba travam corrida por entregas ultrarrápidas com frotas próprias e grandes descontos

Publicado em 14 de julho de 2025 às 09h07.

A nova fase da guerra de preços no delivery chinês ganhou um símbolo curioso: uma xícara de café vendida por menos de US$ 0,30 (R$ 1,67). Esse tipo de oferta ajuda a ilustrar a expansão acelerada do chamado comércio instantâneo, um modelo de entregas ultrarrápidas que combina subsídios bilionários, frotas próprias de entregadores e uma disputa acirrada entre JD.com, Meituan e Alibaba.

O setor tem oferecido grandes descontos para atrair consumidores, mesmo às custas de margens apertadas e lucros pressionados. Segundo a rede americana CNBC, em uma simples navegação pelas plataformas chinesas é possível encontrar café por cerca de R$ 8,30 (10,9 yuans), combos do McDonald’s a R$ 20 (26,8 yuans) e refeições completas com entrega grátis por preços baixos.

O movimento se intensificou após a entrada da JD.com no setor de delivery de refeições, em fevereiro, área historicamente dominada pela Meituan e pela Ele.me, do grupo Alibaba.

Desde então, as empresas vêm se enfrentando com estratégias agressivas, como investimentos em motoristas próprios, operações de marketing virais e rodadas sucessivas de subsídios que já somam mais de 70 bilhões de yuans (cerca de R$ 53 bilhões).

No último sábado, por exemplo, a Meituan reduziu o preço do café para 2 yuans (aproximadamente R$ 1,50) graças a uma série de cupons e descontos. O resultado: 120 milhões de pedidos em um único dia, o que chegou a derrubar os servidores da empresa em algumas regiões.

A ofensiva, no entanto, tem custo alto. Em 2025, as ações da Meituan acumulam queda de 22%, enquanto os papéis da JD.com recuaram 10%, segundo dados da LSEG.

Mesmo com lucros expressivos no primeiro trimestre (10,2 bilhões de yuans para a Meituan e 11,7 bilhões para a JD.com), analistas alertam para uma possível retração nos resultados futuros. Um relatório do banco Nomura estima que a JD pode ter perdido mais de 10 bilhões de yuans apenas com a operação de delivery no segundo trimestre, embora já tenha alcançado cerca de 10% do mercado, com 20 milhões de pedidos diários.

“A empresa pode ter que rever suas ambições”, escreveram os analistas, destacando que a rival Alibaba anunciou um programa de subsídios de 50 bilhões de yuans (R$ 38 bilhões) para os próximos 12 meses via sua plataforma Taobao Instant Commerce.

Diante da escalada, o governo chinês demonstrou preocupação. Em maio, reguladores convocaram representantes das três plataformas para exigir concorrência justa e obediência à legislação local. Mas até agora, os alertas surtiram pouco efeito: a corrida por consumidores no delivery ultrarrápido segue acelerada.

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