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Burger King na bolsa ajuda em oferta da InBev por SABMiller

Recursos podem ser usados pela 3G Capital Inc para a financiar uma oferta da cervejaria, diz o KBC Groep NV

Os investidores, incluindo o bilionário Jorge Paulo Lemann, detêm uma participação na AB InBev, maior cervejaria do mundo (Getty Images)

Os investidores, incluindo o bilionário Jorge Paulo Lemann, detêm uma participação na AB InBev, maior cervejaria do mundo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 11h52.

São Paulo - Os investidores brasileiros da 3G Capital Inc., que pretendem voltar a listar ações do Burger King Worldwide Holdings Inc. em bolsa, podem usar os recursos da operação para ajudar a financiar uma oferta da cervejaria Anheuser-Busch InBev NV por sua principal concorrente, a SABMiller Plc, de acordo com o KBC Groep NV.

Os investidores, incluindo o bilionário Jorge Paulo Lemann, detêm uma participação na AB InBev, maior cervejaria do mundo. A 3G Capital Inc. receberá US$ 1,4 bilhão com a venda de 29 por cento do Burger King. Os planos foram anunciados uma semana após as famílias belgas fundadoras da empresa que originou a AB InBev levantarem 223,4 milhões de euros (US$ 292 milhões) com a venda de ações da farmacêutica belga UCB SA.

“Na última semana, os acionistas belgas e brasileiros da AB InBev levantaram volumes consideráveis de recursos”, disse Wim Hoste, analista da KBC em Bruxelas, em relatório. Os movimentos podem ser uma “tentativa coordenada de serem seguidos por uma injeção de capital na AB InBev. Vemos apenas uma cervejaria passível de ser comprada que seria grande o suficiente para justificar o aumento de capital, a SABMiller.”

Lemann e seus sócios na 3G, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira, estão no conselho da AB InBev, sobre a qual analistas tem especulado que poderia avaliar a compra da SABMiller, fabricante britânica das marcas Grolsch e Peroni.


Em outubro, a SABMiller teve a maior alta em quase três anos após o portal IG dizer que a cervejaria estava em negociações para ser comprada pela AB InBev. Porta-vozes das duas empresas se negaram a fazer comentários.

Hoste rebaixou sua recomendação para a AB InBev, fabricante das marcas Budweiser e Stella Artois, do equivalente a compra para o equivalente a neutra. O analista não cobre formalmente a SABMiller.

Dívida líquida

A SABMiller, que tem uma valor de mercado de 40,1 bilhões de libras (US$ 63,5 bilhões), deve custar à compradora cerca de US$ 81 bilhões, estima a KBC. A empresa também tem uma dívida líquida de cerca de US$ 18 bilhões depois de ter comprado a australiana Foster’s Group Ltd. no ano passado por cerca de US$ 11 bilhões, disse Hoste.

Uma aquisição da concorrente pode levar a uma dívida líquida de US$ 134 bilhões na AB InBev, um múltiplo de 5,9 vezes a estimativa para 2012 do lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações, disse said. Isto “é uma alavancagem muito alta”, disse ele.

Qualquer compra necessitaria de venda de ativos, incluindo a participação da SABMiller na MillerCoors LLP, sua parceria com a Molson Coors Brewing Co., escreveu Hoste. A Molson Coors poderia ser uma “candidata lógica” para comprar a fatia, “embora o financiamento seja um complicador”, disse ele. A cervejaria americana concordou comprar a StarBev LP nesta semana por 2,65 bilhões de euros.


Questões concorrenciais

Os principais acionistas da SABMiller, incluindo Altria Group Inc., que detém 27 por cento da companhia, devem estar preparados para receber ações da AB InBev no lugar e dinheiro, de acordo com Hoste, o que “representaria significativa diluição” para os acionistas da AB InBev, que perderiam sua participação majoritária. AB InBev também pode buscar um aumento de capital, disse ele.

AB InBev foi formada em 2008 quando a InBev NV comprou a Anheuser-Busch Cos. numa transação de US$ 52 bilhões. Os controladores brasileiros e belgas participaram com uma injeção de US$ 9,8 bilhões na InBev para ajudar a financiar o negócio.
Uma combinação da AB InBev com a SABMiller não deve levantar muitas questões concorrenciais, com exceção dos Estados Unidos e China, escreveu Hoste.

“Embora tudo isso seja especulação, acreditamos que os movimentos dos acionistas indiquem algo que possa estar sendo preparado no nível da AB InBev”, disse o analista.

Outros analistas, incluindo Trevor Stirling, da Sanford C. Bernstein, em Londres, disse que uma combinação das duas empresas é improvável. Stirling citou “significativos riscos de execução” em relatório publicado em 14 de março.

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