Gularte: consumo na China está voltando (Divulgação/Divulgação)
Dona da Perdigão, da Sadia e da Qualy, a BRF (BRFS3) precisou se reposicionar. Em agosto de 2022, saiu do comando Lorival Luz e assumiu Miguel Gularte, que vinha da Marfrig (MRFG3), dona de 33% da empresa. Há seis meses como CEO, Gularte vê agora volta da empresa a um momento de normalidade e sinais de que o bom momento do mercado de proteína vai perdurar. "Não existe mal que sempre dure. Sempre que choveu parou", disse o executivo citando um ditado uruguaio. Ele participou hoje de evento promovido pelo Credit Suisse.
"O consumo está voltando. No Ano Novo Chinês, a China voltou a seus índices pré-pandemia de consumo. E tudo nos leva a crer normalidade do food service na China, que é nosso principal cliente", conta o executivo, argumentando que a BRF fez investimentos "estratégicos" durante a pandemia que a preparou para o aumento de produção agora.
No meio da tarde desta terça-feira, 31, enquanto o Gularte falava, a ação acelerou movimento de alta, na contramão das outras companhias de proteína, que lideraram as quedas do pregão.
Ainda assim, o papel ainda registra uma desvalorização de 63%. "Agora analisamos o momento 2023/2024 como o de organizar a casa e melhorar a performance operacional, de logística, mortalidade e atingimento de novas geografias", diz Gularte. Segundo ele, é importante olhar pra frente e não perder o curto prazo. "Tem que se preocupar em performar bem no dia a dia. Temos trabalhado muito em flexibilizar a operação. [Antes] tinha certo 'delay 'em fazer habilitação do mercado interno para o externo. Isso vai permitir que se a oportunidade estiver dentro do Brasil entregamos e se estiver fora, conseguimos também."
O horizonte começa a melhorar para o mercado de proteína animal. Ao menos é o que indicam as projeções para a safra de grãos 2023/2024. Segundo André Pessôa, presidente da Agroconsult e conselheiro da empresa agrícola SLC (SLCE3), a safra de soja 2022/2023 vai ser recorde - em torno de 153 milhões a 154 milhões de tonaledas -, mas os custos ainda foram elevados. Já a projeção de 2023/2024 é de que a rentabilidade aumente, pela redução dos custos com defensivos agrícolas, o que deve impulsionar a área plantada.
A produção de milho também tem projeções favoráveis, segundo Pessôa."A safrinha tem expectativa muito boa de produtividade, com abril e maio apontando chuva. Isso deve garantir também o recorde de produção de milho, 100 milhões de toneladas na safrinha e 23 milhões na verão."