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BRF compra 50% de fabricante de gelatina e colágeno por R$ 312,5 milhões

Investimento na Gelprime amplia presença em segmentos de margens maiores, com sinergias relevantes na cadeia de suprimentos

BRF: setor investido tem crescido cerca de 7% ao ano desde 2018, impulsionado por novas aplicações em alimentos, bebidas e saúde (SOPA Images/Getty Images)

BRF: setor investido tem crescido cerca de 7% ao ano desde 2018, impulsionado por novas aplicações em alimentos, bebidas e saúde (SOPA Images/Getty Images)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 16h26.

A BRF está comprando 50% da Gelprime, fabricante de gelatina e colágeno sediada em Ibiporã (PR). O investimento de R$ 312,5 milhões marca a entrada da companhia em mercados de alta margem e menos cíclicos, como os setores alimentício e farmacêutico, alinhando-se à estratégia de diversificação do portfólio e aumento da lucratividade.

A unidade produtiva da Gelprime, considerada uma das mais modernas do setor, foi concebida em 2021 e conta com capacidade de produção de 7 mil toneladas de gelatina por mês. O diferencial competitivo está na integração vertical: a BRF pode fornecer matérias-primas como peles de frango, suínos e couro bovino, que são essenciais para a produção de gelatina e colágeno. Essa sinergia não só reduz custos como também agrega valor aos produtos finais.

O segmento escolhido tem crescido cerca de 7% ao ano desde 2018, impulsionado por novas aplicações em alimentos, bebidas e saúde. “Estamos investindo em um mercado com margens superiores e que se expande de forma consistente, utilizando um ativo de ponta no setor”, diz o CEO da BRF, Miguel Gularte, em nota.

A aquisição foi bem recebida por analistas como um movimento estratégico para ampliar a participação em produtos de maior valor agregado. No entanto, preocupações sobre o ritmo acelerado de fusões e aquisições da BRF surgem no horizonte.

Segundo o Goldman Sachs, esta é a terceira operação relevante em apenas dois meses, somando investimentos de R$ 1,3 bilhão — o equivalente a 1,9 vezes o capex recorrente da empresa nos últimos 12 meses. “Embora vejamos méritos na estratégia de crescimento, o ritmo pode afetar a geração de caixa no curto prazo”, aponta o relatório do banco.

Já o BTG Pactual (do mesmo grupo de congrole da EXAME) destaca a importância da diversificação para setores menos sujeitos às oscilações cíclicas do mercado de proteínas. “A capacidade de fornecer matéria-prima internamente aumenta a eficiência e pode elevar as margens de lucro. No entanto, o desafio será entregar retornos atrativos em meio a um ciclo de expansão agressivo”, pondera o banco.

Plano de crescimento e sustentabilidade
A aquisição também prevê um plano de expansão da planta em Ibiporã, visando atender à crescente demanda global por gelatina e colágeno. Com a consolidação da operação, a Gelprime pode atingir 5% de participação na produção mundial do setor, alavancada pelo suporte internacional da BRF e seus escritórios comerciais no exterior.

A unidade produtiva também se destaca pelos padrões de sustentabilidade, incluindo reúso de água e circularidade de resíduos para geração de energia.

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