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Braskem dispara 6% de olho em saída da Odebrecht; só 12 ações caem

Confira os principais destaques de ações desta quarta-feira

BRASKEM (Luke Sharrett/Bloomberg)

BRASKEM (Luke Sharrett/Bloomberg)

PB

Paula Barra

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 10h48.

Última atualização em 16 de dezembro de 2020 às 18h48.

O Ibovespa chegou a superar os 118.000 pontos nesta quarta-feira, 16, atingindo na máxima do dia alta de 1,7%, mas amenizou um pouco o movimento e fechou com ganhos de 1,47%, em 117.857 pontos, mas ainda assim no maior patamar de fechamento desde 24 de janeiro. A máxima do ano e também recorde histórico do índice foi em 119.527 pontos, no dia 23 de janeiro.

Com o movimento, apenas 12 das 77 ações que compõem a carteira teórica do benchmark brasileiro fecharam no negativo, com os papéis ordinários e preferenciais da Eletrobras (ELET3; ELET6) liderando as perdas, com queda de 3,36% e 2,83%, respectivamente. Do outro lado, a Braskem (BRKM5) puxou os ganhos, com valorização de 5,61%, após notícia de que a Odebrecht vai retomar processo de venda de sua participação na companhia.

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Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:

 

Braskem

As ações da Braskem (BRKM5), que chegaram a disparar quase 6% na máxima do dia, fecharam em alta de 5,61%, liderando os ganhos do Ibovespa. O movimento ocorre em meio à notícia de que a Odebrecht retomará processo de venda da participação que detém na companhia no primeiro trimestre de 2021, segundo informações do Valor. A venda da fatia que a Odebrecht possui na petroquímica (de 38,3% do capital total e 50,1% do votante) é uma exigência do plano de recuperação judicial do grupo e tem prazo de três anos para ocorrer.

Ainda de acordo com o jornal, a Petrobras (PETR3; PETR4), segunda maior acionista da Braskem, também planeja vender suas ações, em operação que pode se dar no Novo Mercado da B3. A petroleira possui 36,1% do capital total e 47% do votante.

A expectativa do mercado é que, a partir da venda das ações detidas pelas duas maiores acionistas em Bolsa, a companhia possa ser transformada em uma comparação pura, isto é, sem um acionista controlador.

Segundo analistas da Exame Research, o bom momento do setor de petroquímicos, com recuperação na demanda global, tende a facilitar a venda da fatia detida pela Odebrecht, mas os inúmeros problemas ambientais da Braskem podem reduzir o interesse de eventuais investidores. De qualquer maneira, eles apontam que a retomada do processo de alienação pode dar ânimo às ações da Braskem, uma vez que um novo acionista tende a dar suporte maior à companhia, tanto em termos financeiros quanto operacionais.

Frigoríficos

Os papéis dos frigoríficos também aparecem entre as maiores altas do índice hoje. As ações de Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) avançaram 4,26%, 3,26% e 3,24%, respectivamente.

No radar do setor, o Japão tem sofrido o pior surto de gripe aviária já registrado no país, o que levou autoridades a ordenar o abate de aves. O vírus foi encontrado em 12 das 47 áreas administrativas do país, conhecidas como prefeituras, e levou um recorde de 3 milhões de aves sacrificadas até o momento, de acordo com informações da Reuters.

Segundo o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, com a gripe aviária no Japão, abre-se espaço para uma exportação maior dos frigoríficos brasileiros, o que contribui para o movimento positivo das ações hoje. Além disso, ele comenta que existe uma perspectiva de que a China retire a suspensão da importação de carne do Brasil. "O país cresceu 4,9% no terceiro trimestre, na comparação anual, e deve crescer perto de dois dígitos em 2021, é animador para qualquer setor que exporte para eles", aponta.

Os papéis do setor também estão atrasados na recuperação recente da Bolsa. Do fim de outubro para cá, enquanto o Ibovespa subiu 23%, as ações de Minerva e Marfrig acumulam alta de 5,6% e 6,6%, respectivamente. JBS, por sua vez, tem valorização mais expressiva no período, de 22%.

PetroRio

Em pregão volátil, as ações da PetroRio (PRIO3) encerraram em valorização de 1,10%, depois de terem caído 2,6% na mínima do dia. A melhora no humor acompanhou o movimento dos preços do petróleo no exterior. Os contratos do petróleo Brent, negociados em Londres, também viraram para o positivo nesta tarde e encerraram com alta de 0,55%.

No radar da companhia, a PetroRio anunciou ontem à noite que seu conselho de administração aprovou oferta subsequente de ações (follow-on), com esforços restritos, no valor de aproximadamente 250 milhões de dólares, segundo fato relevante divulgado ao mercado na noite desta terça-feira, 15. A empresa informa que a captação será utilizada para investimentos nos ativos da companhia e potenciais novos negócios.

Siderúrgicas

Depois da disparada ontem, as siderúrgicas fecharam em direções opostas. Enquanto os papéis da CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) subiram 0,78% e 0,65%, respectivamente, os de Gerdau (GGBR4) fecharam estáveis e de Metalúrgica Gerdau (GOAU4) registraram leve queda de 0,08%. Ontem, essas quatro ações registraram ganhos acima de 3%.

Os analistas do Credit Suisse comentam, em relatório desta data, que o Instituto Aço Brasil divulgou os dados de alta frequência de novembro, mostrando um crescimento de dois dígitos, na comparação anual, nos embarques de aços planos e longos. As vendas domésticas de aços longos registraram um crescimento de 11,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, continuando em sua trajetória saudável apoiada pela sólida demanda do setor de construção, especialmente construção de varejo. As vendas domésticas de aços planos também vieram fortes, com uma alta de 12,4% na comparação anual.

Na visão dos analistas do banco, os números de novembro continuam a enfatizar o ambiente de demanda aquecida no mercado de aço brasileiro e esse forte impulso deve durar pelo menos até o 1º trimestre do ano que vem.

Eles destacam que a CSN aparece como top pick do setor, dado o preço alto do minério de ferro, o que deve resultar em uma forte desalavancagem da empresa nos próximos trimestres. Os analistas também se mostram construtivos em relação à Gerdau, vendo o nome como um "veículo ideal" para obter exposição a um potencial pacote de estímulo na área de infraestrutura nos Estados Unidos.

Telecom 

Em relatório, analistas do BTG Pactual comentam sobre o panorama do setor de telecomunicações após o consórcio formado pela Vivo, Tim e Claro ter adquirido os ativos móveis da Oi, em leilão realizado nesta semana, pelo valor de 16,5 bilhões de reais.

Eles comentam que o consórcio vai dividir a Oi Móvel da seguinte forma: i) a Tim vai ficar com 54% do espectro e 40% dos clientes; ii) a Vivo com 46% do espectro e 29% dos clientes; e iii) Claro com 32% dos clientes (e nada de espectro).

Para eles, a Tim é a principal ganhadora da transação. Assumindo que a companhia está levando 44% da receita da Oi móvel (3,3 bilhões de reais), com uma margem potencial de 60% pós-sinergia, a empresa vai adicionar 1,95 bilhão ao seu Ebitda. Nas contas do banco, a Tim está pagando 7,3 bilhões de reais pelo negócio para levar um valor presente líquido potencial de 7,3 bilhões de reais. Assumindo 30% de impostos, a criação de valor potencial para Tim seria de 7,3 bilhões de reais (ou 3 reais por ação, 21% do seu valor de mercado atual), apontam. Fazendo o mesmo exercício para Vivo, eles chegam a uma potencial geração de valor de 2,70 reais por ação da companhia (ou 6% do valor de seu mercado).

Os analistas reforçam que o leilão marcou um outro passo muito importante para o processo de reestruturação da Oi. O próximo passo é o leilão da InfraCo, que deve acontecer já no primeiro trimestre do ano que vem. As ações da Oi seguem como top pick do banco, seguida por Tim e Vivo.

Nesta sessão, as ações PN da Oi (OIBR4), Vivo (VIVT4) e Tim (TIMS3) recuaram 3.30%, 2,26% e 0,97%, respectivamente.

Eles comentam ainda que o movimento é muito positivo para o setor todo. "Comprando a Oi, o consórcio bloqueia a entrada de potenciais novos entrantes, levam um espectro valioso para suas operações e ainda ganham com sinergias de despesas operacionais e investimentos em bens de capital que podem ser relevantes".

Méliuz 

As ações da Méliuz (CASH3) dispararam 8,84% após o Bradesco BBI ter iniciado cobertura com recomendação outperform, equivalente a compra, e preço-alvo em 20,00, o que implica em um potencial de valorização de 48% frente ao fechamento de ontem. A ação foi apontada também pelos analistas do banco como a principal escolha no setor de tecnologia para América Latina.

Para a avaliação, eles comentam que o valuation atual parece muito barato para uma empresa de tecnologia que deve aumentar sua receita a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 41% entre 2020 e 2023. Além disso, apontam que a empresa tem uma clara vantagem competitiva na contratação de pessoal especializado, o que a deve permitir continuar inovando em um ritmo mais rápido.

Desde sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), realizado no começo de novembro, as ações da companhia sobem 60% na Bolsa, sendo que só nos últimos 5 pregões -- todos no positivo -- a valorização acumulada é de 54%.

No início desta semana, o BTG Pactual também iniciou cobertura das ações com recomendação de compra e preço-alvo de 18 reais para os próximos 12 meses, representando um potencial de alta de 22,4% frente ao fechamento de terça-feira.

Enjoei

As ações da Enjoei (ENJU3), que também estrearam na B3 há pouco mais de um mês, subiram 3,21%, na sua quarta sessão seguida no positivo, após o BTG Pactual ter iniciado cobertura dos papéis com recomendação de compra e preço-alvo em 15,00, o que implica um potencial de valorização de 38% frente ao fechamento de ontem.

Desde seu IPO, no começo de novembro, os papéis da companhia acumulam ganhos de 10% na Bolsa.

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