Braskem: conversas com petroquímica holandesa começaram há mais de 1 ano (Luke Sharrett/Bloomberg)
Tais Laporta
Publicado em 4 de junho de 2019 às 10h54.
Última atualização em 4 de junho de 2019 às 15h46.
As ações da petroquímica Braskem chegaram a perder quase 20% na abertura da Bolsa nesta terça-feira (4), depois que as negociações de compra do controle da empresa pela holandesa LyondellBasell terminaram sem sucesso. Às 15h46, os papéis recuavam 16,50%.
Controladora da Braskem, a Odebrecht vinha discutindo o acordo com a Lyondell há mais de um ano e meio. A venda da petroquímica era uma das tentativas da incorporadora em se reestruturar após o envolvimento no escândalo investigado pela operação Lava Jato.
A estatal Petrobras, que divide o controle da Braskem com a Odebrecht, também vinha acompanhando as negociações de perto e aguardava a conclusão para avaliar possibilidade de venda de sua fatia ao mesmo comprador.
Sem dar detalhes, a LyondellBasell informou que encerrou as negociações com a Odebrecht “após cuidadosa consideração”. A Braskem publicou um comunicado informando que "seguirá em busca de oportunidades" com potencial de agregar valor à empresa e seus acionistas.
A insegurança proveniente da situação financeira da Odebrecht está entre os motivos que pesaram na desistência da LyondellBasell, destacaram analistas da Suno Research em relatório.
Segundo os analistas da Levante Felipe Bevilacqua e Eduardo Guimarães, a situação delicada de caixa da Braskem complica ainda mais a situação da companhia. "E os rumores sobre uma possível recuperação judicial do Grupo Odebrecht estar próxima aumentam a cada dia", escreveram em relatório.
Em maio, a Braskem informou que suas ações listadas nos EUA seriam deslistadas da bolsa de Nova York depois que a companhia não entregou formulário 20-F de 2017 no prazo.
Se a negociação vigorasse, Braskem e a LyondellBasell formariam, juntas, a maior produtora de resinas plásticas do mundo. A Braskem é avaliada em R$ 31,64 bilhões, enquanto a petroquímica holandesa tem um valor de mercado de US$ 28,8 bilhões.
Na época em que as conversas vieram a público, no dia 15 de junho de 2018, as ações da Braskem chegaram a subir 18% na B3 e passaram a oscilar entre altas e baixas, em meio a dúvidas quanto ao futuro das negociações.
Desde o anúncio da possível compra, os papéis da companhia tinham uma trajetória estável, oscilando ao redor dos R$ 40. O fim das negociações relevado hoje traz uma perda acumulada em torno de 16,5% nos papéis da companhia.
Nesta manhã, as ações da Lyondell negociadas na Bolsa de Nova York subiam mais de 3%.
Segundo o "Valor" destacou, a Odebrecht deu todas as ações ordinárias e preferenciais que possui na petroquímica em garantia para cinco bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES e Santander) em 2016.
A empresa havia colocado outra controlada, a produtora de etanol Atvos, em recuperação judicial na semana passada, o que aumento o risco de que a própria holding também tenha de pedir na Justiça proteção contra seus credores.