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Brasileiros pagam US$5 milhões à SEC por privilégios

Herdeiros das Lojas Marisa, foram condenados por operarem opções de ações da fabricante de condimentos Heinz com informações privilegiadas


	Heinz: irmãos tiveram um lucro de aproximadamente US$1,8 milhão ao comprar, por US$90 mil, opções de ações da Heinz um dia antes do anúncio de compra da companhia pela Berkshire Hathaway
 (Scott Olson/Getty Images)

Heinz: irmãos tiveram um lucro de aproximadamente US$1,8 milhão ao comprar, por US$90 mil, opções de ações da Heinz um dia antes do anúncio de compra da companhia pela Berkshire Hathaway (Scott Olson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2013 às 14h07.

São Paulo - Os irmãos brasileiros Michel Terpins e Rodrigo Terpins, herdeiros das Lojas Marisa, foram condenados a pagar uma multa de US$ 5 milhões à Securities Exchange Comission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos), por operarem opções de ações da fabricante de condimentos Heinz com informações privilegiadas.

De US$ 90 mil para US$ 1,8 milhão

Segundo publicado hoje pela SEC, os irmãos tiveram um lucro de aproximadamente US$ 1,8 milhão ao comprar, por US$ 90 mil, opções de ações da Heinz um dia antes do anúncio de compra da companhia pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e a 3G Capital, do brasileiro Jorge Paulo Lemann. As ações da Heinz tiveram uma valorização de 20% após o anúncio da aquisição.

Como as opções davam direito a comprar no futuro uma grande quantidade de ações da Heinz por um preço fixo, mediante o pagamento de um pequeno prêmio, equivalente a uma parcela do valor do papel, a operação multiplicou os ganhos dos investidores, muito mais do que se tivessem comprado o mesmo valor em papéis diretamente no mercado.

De acordo com a comissão, uma ação relacionada às negociações suspeitas foi ajuizada no dia 15 de fevereiro deste ano, um dia depois do anúncio da aquisição da Heinz. Os irmãos Terpins, segundo as investigações, teriam conseguido informações confidenciais sobre a operação e realizaram uma transação com opções por meio de uma conta nas Ilhas Cayman, cujo titular era a pessoa jurídica Alpine Swift, que detém ativos dos membros da família Terpins.

Direto da terra da fantasia

Segundo a SEC, a ordem para a compra de opções de ações da Heinz foi enviada por Rodrigo Terpins no dia 13 de fevereiro, durante sua viagem de férias para os parques da Disney, em Orlando, nos Estados Unidos. As informações confidenciais teriam sido passadas a Rodrigo pelo irmão Michel.


Naquele dia, Rodrigo comprou aproximadamente US$ 90 mil em opções de ações da Heinz. Um dia depois, quando o anúncio da aquisição foi feito, as opções valorizaram mais de 2.000%.

As investigações conduzidas pela SEC apuraram que Michel soube, por meio de uma fonte não citada no processo, da compra da Heinz por um consórcio financeiro que incluía o grupo 3G. Ele transmitiu as informações ao irmão Rodrigo, o qual, em seguida, enviou à sua corretora a ordem de compra para as opções. 

Corretora estranhou a ordem

Rodrigo chegou a ser alertado por um consultor da corretora que a recomendação para os papéis da Heinz eram de “venda”, mas disse que desejava enviar a ordem mesmo assim.

Gosto amargo

Por causa da operação, os irmãos terão de pagar à SEC os cerca de US$ 1,8 milhões que lucraram e mais US$ 3 milhões de multa, praticamente o dobro do ganho, para a retirada das acusações.

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