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Brasil tem o maior número de rebaixamentos de ratings desde 2009

As agências Standard & Poor’s e Moody’s Investors Service rebaixaram notas e perspectivas de companhias brasileiras 27 vezes neste ano

A economia brasileira teve a menor expansão desde 2009 no primeiro trimestre (Getty Images)

A economia brasileira teve a menor expansão desde 2009 no primeiro trimestre (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 09h00.

Nova York - As empresas brasileiras têm tido suas notas de crédito rebaixadas no maior ritmo em três anos com a desaceleração da economia. Isso eleva os custos de captação para companhias, da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA à Suzano Papel & Celulose SA.

As agências Standard & Poor’s e Moody’s Investors Service rebaixaram notas e perspectivas de companhias do Brasil 27 vezes este ano, comparado a 21 vezes em todo o ano de 2011. No México, foram 11 rebaixamentos. A taxa dos títulos em dólar da Usiminas com vencimento em 2018 saltou 116 pontos-base para 6,16 por cento desde que a Moody’s cortou a classificação da dívida da companhia no mês passado.

A economia brasileira teve a menor expansão desde 2009 no primeiro trimestre, levando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a abandonar sua meta de crescimento de 4,5 por cento este ano. A produção industrial teve em abril uma retração inesperada pelo segundo mês seguido, mesmo com as medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo. Enquanto a perda de força das exportações para a China derruba o crescimento brasileiro, o México se beneficia da retomada nos Estados Unidos.

“Se virmos mais revisões negativas para o crescimento mundial, isso pode resultar em mais ações negativas para o Brasil, já que o País está mais exposto à Europa e à China do que o México, que se beneficia da exposição aos EUA”, disse Filippe Goossens, analista da Moody’s, em entrevista por telefone de São Paulo. “Setores que são mais cíclicos por natureza verão pressão ainda maior.”

Perspectiva de crescimento

A estimativa de crescimento econômico para este ano foi reduzida pela sexta semana consecutiva na pesquisa do Banco Central com analistas de 18 de junho. A expansão desacelerar de 2,7 por cento em 2011 para 2,3 por cento, de acordo com a estimativa mediana de 100 economistas.

O Credit Suisse Group AG projeta que a China, maior parceiro comercial do Brasil, vai se expandir 7,7 por cento este ano, o menor ritmo desde 1999. O banco disse ontem que o Brasil deve crescer 1,5 por cento em 2012.

As exportações brasileiras para a China vão cair este ano, após terem chegado a US$ 44 bilhões em 2011, segundo a Associação Brasileira de Comércio Exterior. As commodities representam pelo menos 80 por cento das exportações brasileiras.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, reduziu o juro básico em 4 pontos percentuais desde agosto, no maior corte entre o Grupo dos 20. A taxa Selic caiu para a mínima histórica de 8,5 por cento para estimular o crescimento econômico.

"Economia vigorosa"

Para ajudar a impulsionar a economia, o governo também cortou impostos sobre bens de consumo e industriais e aumentou os empréstimos de baixo custo concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.


“Até o fim de 2012, nós teremos uma economia vigorosa”, disse Márcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, em e-mail enviado em 19 de junho em resposta a perguntas da reportagem. “Nos próximos trimestres, o crescimento vai se acelerar, puxado por uma expansão dos investimentos e estimulado pela demanda doméstica.”

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda se recusou a comentar ontem.

Episódios de inadimplência pela Rede Energia SA, Centrais Elétricas do Pará SA e Lupatech SA também provocaram rebaixamentos no Brasil.

Concordata da Celpa

A Celpa, sediada em Belém, entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, levando a S&P a cortar nota de crédito para default em 1 de março. A Rede Energia, controladora da Celpa, foi rebaixada pela Fitch Ratings para restricted default em 13 de junho.

Uma porta-voz da Rede Energia não quis fazer comentários.

A Lupatech, provedora de serviços para petrolíferas sediada em Caxias do Sul, teve sua nota de crédito rebaixada em seis níveis para selective default em 23 de abril após ter adiado um pagamento de debêntures.

O desaquecimento da economia está dificultando a captação de recursos e o alongamento de prazos, disse Milena Zaniboni, analista da S&P.

“Tivemos mais calotes este ano e isso é algo que indica que este ambiente está mais desafiador para empresas que já têm problemas de liquidez”, disse Milena em entrevista por telefone de São Paulo. “Algumas das empresas com expectativa de levantar capital ou tentar estender prazos estão tendo dificuldades.”

A Moody’s rebaixou em 10 de maio a classificação da Usiminas, sediada em Belo Horizonte, em dois níveis para Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento, em meio ao enfraquecimento da demanda por aços planos para fabricação de automóveis. As vendas de veículos desabaram 9,8 por cento em maio em relação a um ano antes, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

‘Bastante boa’

A assessoria de imprensa da Usiminas se recusou a fazer comentários.

As ações da Usiminas acumulam desvalorização de 31 por cento este ano.

Para Alexandre Muller, chefe de pesquisa de crédito corporativo do BTG Pactual SA, a qualidade de crédito das empresas brasileiras é “bastante boa”.

“Claro que temos algumas distorções, mas as companhias têm em média boa liquidez e bons perfis de amortização no longo prazo”, disse Muller em entrevista por telefone de São Paulo. “Da perspectiva de estrutura de capital, as empresas estão ótimas. Não se vê empresas extremamente alavancadas por aqui. Da perspectiva de liquidez, o risco de refinanciamento é muito confortável, na média.”

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