O lucro foi afetado por uma despesa com impostos para a incorporação da Sadia e custos mais altos (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 13h22.
São Paulo - A BRF - Brasil Foods SA, maior exportadora brasileira de aves, registra hoje a queda mais acentuada em seis meses após divulgar resultados do quarto trimestre abaixo do previsto. O lucro foi afetado por uma despesa com impostos para a incorporação da Sadia SA e custos mais altos.
Brasil Foods caía 1,9 por cento para R$ 35,85 às 12:24 em São Paulo, terceira maior queda entre os 70 papéis que compõem o Ibovespa. Mais cedo, a ação chegou a cair 4,2 por cento, a maior queda desde 22 de setembro.
O lucro líquido ficou em R$ 121 milhões, em comparação aos R$ 360 milhões de um ano antes, disse a empresa em comunicado ontem. A previsão média na consulta da Bloomberg a nove analistas era de que a empresa apresentasse um lucro líquido ajustado de R$ 472,7 milhões para o período.
Os custos de alimentação de aves e suínos da empresa cresceram 13 por cento no trimestre após a alta de preço do milho. O preço do grão no mercado doméstico, principal matéria- prima na ração animal, subiu 8 por cento no quarto trimestre na comparação anual, segundo dados do website do Cepea, agência de pesquisas da Universidade de São Paulo.
“Os esforços não foram suficientes para compensar as margens de exportação mais baixas, especialmente em consequência de custos trabalhistas mais altos e preços de grãos,” disse Daniela Bretthauer, analista da área de consumo para América Latina na Raymond James, em São Paulo, em relatório a clientes depois da divulgação dos resultados.
Greve no porto
Uma greve no porto de Itajaí levou a Brasil Foods a redirecionar as exportações para outros portos, o que aumentou os custos para a empresa e comprimiu as margens de lucro. A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, caiu para 13 por cento da receita líquida, contra 15 por cento um ano antes, também devido à alta das despesas com ração animal.
A Brasil Foods teve uma despesa de R$ 215 milhões com o pagamento de impostos relacionados à compra da Sadia em 2009. A empresa, antiga Perdigão, fechou o acordo de aquisição da então concorrente depois que a Sadia teve perdas de mais de R$ 3 bilhões com apostas em derivativos cambiais.
A receita líquida teve alta de 11 por cento no quarto trimestre, para R$ 7,1 bilhões, na comparação aos três últimos meses de 2010, impulsionado pela maior demanda da classe média brasileira. Cerca de dois terços das vendas da Brasil Foods vêm do mercado doméstico.