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Brasil e África do Sul atraem UBS com rendimento em alta

As ações de companhias desses países são as “melhores” dos emergentes para investidores em busca de dividendos, segundo a UBS

O dividend yield, o rendimento dos dividendos pagos pelas companhias que compõem o Ibovespa, subiu para 4,6%, o maior desde fevereiro de 2009 (Germano Lüders/EXAME)

O dividend yield, o rendimento dos dividendos pagos pelas companhias que compõem o Ibovespa, subiu para 4,6%, o maior desde fevereiro de 2009 (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2011 às 10h23.

Joanesburgo - As ações de companhias do Brasil e da África do Sul são as “melhores” dos emergentes para investidores em busca de dividendos, após o chamado “dividend yield” atingir os maiores níveis desde 2009, segundo o UBS AG.

A queda de 23 por cento do Ibovespa no ano fez com que o dividend yield, o rendimento dos dividendos pagos pelas companhias que compõem o índice, subisse para 4,6 por cento, o maior desde fevereiro de 2009. O dividend yield do índice FTSE/JSE Africa All Shares saltou de 2,3 por cento no começo do ano para 2,8 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os dividendos de companhias na África do Sul podem crescer a uma taxa de 17 por cento nos próximos três anos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A distribuição de dividendos, que são responsáveis por 33 por cento do retorno total das ações nos mercados emergentes, pode atrair investidores para companhias de telefonia e energia em meio à desaceleração da economia global e queda do rendimento de títulos, segundo Jennifer Delaney, analista de mercados emergentes do UBS em Nova York. O dividend yield das companhias do Brasil é o dobro dos 2,3 por cento da Rússia e está bem acima dos menos da Índia e Coréia do Sul, que são menores do que 2 por cento.

“Nós não vemos em outros mercados um aumento semelhante dos dividendos como achamos que podemos obter”, disse Delaney em entrevista por telefone em 22 de agosto.

Light

A Light SA, que gera eletricidade no Rio de Janeiro, tem um dividend yield de 7,5 por cento, com base na estimativa de 11 analistas para a distribuição dividendos em 2011. A ação é negociada 9,8 vezes a estimativa de lucro, abaixo da média de 15 vezes para as companhias de energia da America Latina, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os dividendos no País são garantidos pela lei que obriga companhias a repassarem pelo menos 25 por cento do lucro líquido aos seus acionistas, disse Nick Robinson, chefe de renda variável para o Brasil na Aberdeen Asset Management em São Paulo.

“Se você considerar o mercado em termos amplos, agora é uma época boa para comprar ações de companhias a preços decentes”, disse Robinson em entrevista em 16 de agosto.

O MTN Group Ltd., maior operador de telefonia móvel da África, pode elevar sua distribuição de dividendos por ação em 27 por cento no próximo ano, segundo a média das estimativas de 14 analistas. O rendimento agora é de 5 por cento, baseado nas estimativas de distribuição para 2011, acima dos 3,9 por cento de seus pares regionais, segundo dados compilados pela Bloomberg. O MTN disse em 17 de agosto que quer repassar 65 por cento do lucro para os acionistas.


Incerteza dos bancos

Incertezas quanto à implementação de novas exigências de capital pelo Comitê de Basileia para Supervisão Bancária fez com que bancos da África do Sul não aumentassem a distribuição de dividendos para os acionistas, disse Neville Chester, administrador do fundo Coronation Fund Managers Top 20 na Cidade do Cabo, de cerca de 7,5 bilhões de rand (US$1,04 bilhão) em ativos.

O Standard Bank Group Ltd., maior banco da África, manteve seu dividendo inalterado no primeiro semestre deste ano, mesmo com um lucro 12 por cento maior no período. O presidente da instituição, Jacko Maree, disse que o banco com sede em Johanesburgo vai esclarecer sobre os dividendos quando anunciar os resultados anuais, em março de 2012.

“Até que haja segurança regulatória, é provável que eles não” paguem dividendos mais altos, disse Chester. “Eles não querem aborrecer os reguladores e não querem pagar dividendos agora, e pedem menos controle de capital para um ano ou dois.”

Ações versus títulos

Em geral, o dividend yield de companhias sul-africanas aumentaram em relação ao rendimento dos papéis do governo do país. O índice FTSE/JSE África registra baixa de 7,8 por cento este ano, levando o rendimento relativo aos títulos do governo com vencimento em 2015, que têm taxa de 6,67 por cento, para o maior nível desde junho de 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A distribuição de dividendos das companhias da BM&FBovespa é a mais alta desde pelo menos 2002 em relação ao retorno de títulos do governo denominados em real, que têm rendimento de cerca de 11,4 por cento, segundo o índice GBI-EM, do JPMorgan Chase & Co.

O lucro das companhias que compõem o índice de ações da África do Sul vai provavelmente expandir 13 por cento no próximo ano, enquanto o lucro das companhias do Ibovespa deve crescer 12 por cento, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.

A economia da África do Sul deve crescer 3,8 por cento em 2012, enquanto a expansão do Brasil deve ser de cerca de 4,1 por cento, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional.

Companhias “ainda vêm oportunidades de crescimento”, disse Delaney do UBS, maior banco da Suíça. “Mas acima disso, mesmo depois do crescimento, ainda há lucro suficiente para ser repassado aos acionistas.”

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