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Bradesco sofre queda histórica e perde R$ 30,7 bi em valor de mercado

Ações caíram 17% e fecharam no menor nível desde 2020 após decepção com balanço do 3º tri

Bradesco (BBDC4): lucro líquido no 3 tri ficou 22% abaixo do esperado por analistas (Paulo Fridman/Bloomberg)

Bradesco (BBDC4): lucro líquido no 3 tri ficou 22% abaixo do esperado por analistas (Paulo Fridman/Bloomberg)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 18h34.

Última atualização em 10 de novembro de 2022 às 14h42.

O Bradesco, segundo maior banco privado do País, sofreu uma perda de R$ 30,69 bilhões em valor de mercado nesta quarta-feira, 9, dia em que suas ações derreteram mais de 17% na bolsa de valores. 

Investidores correram para se desfazer do papel após a surpresa negativa com o balanço do terceiro trimestre. A inadimplência avançou mais do que o esperado, derrubando o lucro líquido recorrente do banco para R$ 5,2 bilhões, queda de 22,8% na comparação anual. 

As ações encerraram o pregão no menor nível de preço desde maio de 2020.

  • Bradesco (BBDC4): - 17,38%, a R$ 15,35
  • Bradesco (BBDC3): - 16,46%, a R$ 13,27

Para as ações ordinárias da empresa, a queda na bolsa é a maior da história do banco desde o plano Real, segundo levantamento do TradeMap feito a pedido da Exame Invest. O banco sofreu mais na bolsa hoje do que no pior dia da pandemia de Covid-19.

Maiores quedas diárias das ações do Bradesco desde o Plano Real
DataBBDC4DataBBDC3
10/09/1998-19,4909/11/2022-16,01
09/11/2022-17,3810/09/1998-14,80
16/03/2020-14,2716/03/2020-14,35
12/11/1997-14,0018/05/2017-13,00
09/03/1995-13,4612/03/2020-12,74
Fonte: TradeMap

Por que as ações do Bradesco caíram?

O Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$5,2 bilhões no terceiro trimestre – número 22% inferior ao esperado por analistas, segundo o consenso Bloomberg.

O balanço mostrou ainda que o retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que indica a capacidade de um banco em rentabilizar seu capital, caiu de 18,5% para 13,4% na comparação trimestral, atingindo seu nível mais baixo desde o segundo trimestre de 2020.

O banco foi impactado pela inadimplência, que subiu de 2,6% em setembro do ano passado para 3,9% no mesmo mês deste ano. Como resultado, o Bradesco teve de expandir em 116,4% as despesas com provisões contra a inadimplência. 

O montante chegou a R$ 7,267 bilhões – e deve continuar alto. Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, confirmou nesta manhã que o nível de provisões deve se manter em torno do patamar atual ao menos até metade do ano que vem.

A queda no resultado e a piora nas perspectivas fizeram o mercado se movimentar. O Credit Suisse rebaixou duplamente as ações do Bradesco, que caíram de overweight (equivalente à compra) para underweight (equivalente à venda), pulando o nível neutro.

“Embora acreditemos que o ROE baixo de 13,5% não deva ser visto como o nível sustentável para o banco, o aumento das provisões e a ainda fraca margem com o mercado devem continuar pesando na rentabilidade, levando o Bradesco a apresentar um ROE abaixo do potencial nos próximos trimestres – o que, em nossa visão, justifica o rebaixamento”, afirmaram os analistas em relatório.

O Bradesco tem apostado suas fichas na melhora da situação total do banco à medida que a taxa básica de juros, a Selic, volte a cair em meados de 2023. Mas o fator ainda é uma incógnita na visão do Credit. “A maior incerteza em relação ao início e ao momento de um potencial ciclo de flexibilização monetária também torna um argumento otimista sobre o Bradesco menos atraente”, informa o relatório.

O preço-alvo para as ações preferenciais foi cortado de R$ 23 para R$ 19.

O Itaú BBA, por sua vez, já havia rebaixado o Bradesco para recomendação neutra em relatório recente, e viu o resultado como confirmação das preocupações da casa com o papel.

“Nosso recente rebaixamento do Bradesco foi exatamente para refletir essa piora na qualidade do crédito e na dificuldade de extração de receita líquida de juros. Este trimestre foi pior do que esperado e provavelmente diminuirá as expectativas para 2023 também. Reiteramos nossa visão cautelosa sobre o nome”, informaram os analistas. 

O preço-alvo do BBA para as ações preferenciais é de R$ 21.

Goldman Sachs e UBS também destacaram os resultados como negativos, mas ambos mantêm recomendação de compra para os papéis. O Goldman tem preço-alvo de R$ 27, e o UBS de R$ 24. 

Ambos, no entanto, destacam que a continuidade da inadimplência é um risco para as ações. A expectativa do Bradesco é controlar o crescimento do indicador no próximo trimestre, com as provisões ainda pressionando os números até o segundo semestre de 2023.

Leia mais: Bradesco: inadimplência e ‘tempestade perfeita’ derrubam lucro

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