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Bradesco: inadimplência e ‘tempestade perfeita’ derrubam lucro e ações caem 17%

Octavio de Lazari, CEO do banco, avalia que impacto com provisões deve continuar alto até a metade 2023

Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, avalia que provisões devem continuar altas até meados do próximo ano (Victor J. Blue/Bloomberg)

Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, avalia que provisões devem continuar altas até meados do próximo ano (Victor J. Blue/Bloomberg)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 11h13.

Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 18h24.

As ações do Bradesco (BBDC4) desabaram mais de 17% nesta quarta-feira, 9, após um crescimento acelerado da inadimplência ter derrubado o lucro líquido do banco em 22,8%. A grande surpresa, de acordo com o CEO Octavio de Lazari, foi a inadimplência, que acelerou mais do que o esperado principalmente entre pessoas físicas de baixa renda.

  • Bradesco (BBDC4): - 17,38%
  • Bradesco (BBDC3): - 16,01%

    “A inadimplência nos cartões e no crédito pessoal se deteriorou muito rápido, até porque observamos o poder de compra da população corroído, com recorde de endividados”, afirmou Lazari em coletiva com jornalistas na manhã desta quarta.

    A inadimplência subiu de 2,6% em setembro do ano passado para 3,9% no mesmo mês deste ano, diante da piora nos segmentos de pessoas físicas, que subiu 0,3 ponto percentual (p.p.), e de pequenas e médias empresas, com avanço de 0,6 p.p.. 

    Como resultado, o Bradesco teve de expandir em 116,4% as despesas com provisões contra a inadimplência. O montante chegou a R$ 7,267 bilhões e derrubou o resultado do banco – o lucro líquido ficou 22% abaixo do que os analistas esperavam, segundo o consenso Bloomberg.

    Lazari reforçou que, por ser um banco de varejo, o Bradesco fica bastante suscetível a momentos anticíclicos. “Já lidamos com níveis de inadimplência como estes”, reforçou. A diferença, no entanto, está no que o CEO chamou de “tempestade perfeita”: uma combinação da inadimplência e prejuízo na margem de mercado, que reflete o resultado da tesouraria.

    “Normalmente a margem com o mercado compensa o movimento de inadimplência em momentos anticíclicos. Mas, nesse trimestre aconteceu quase que uma tempestade perfeita: tivemos margem deteriorada com o mercado e também três meses de deflação que afetaram os resultados financeiros”, disse. 

    Para reverter o problema, o banco diminuiu o apetite no segmento de baixa renda, no que esperam ser uma redução pontual de concessão de crédito para esse tipo de cliente. Ainda assim, a avaliação é de que a necessidade de provisões para lidar com a inadimplência deve continuar impactando os resultados até o segundo semestre de 2023.

    “A expectativa é de controle da inadimplência no quatro trimestre, mas ainda com o primeiro balanço de 2023 pressionado. Entendemos que as provisões ainda devem ser nos mesmos patamares observados agora nos primeiros dois trimestres do próximo ano, com menor necessidade a partir do segundo semestre de 2023”, avaliou.

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