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Bradesco BBI vê risco à política de preços e dividendos da Petrobras (PETR4) e rebaixa ação

Entre os riscos estão possíveis mudanças na política de dividendos e de preços, congelamento de desinvestimentos e alteração na Lei das Estatais

Petrobras: possíveis mudanças com novo governo alteram tese de investimento (Nur Photo/Getty Images)

Petrobras: possíveis mudanças com novo governo alteram tese de investimento (Nur Photo/Getty Images)

Na esteira das notícias acerca da Petrobras (PETR3/ PETR4), a equipe do Bradesco BBI resolveu rebaixar a recomendação para a ação da estatal de compra para neutro e fazer um corte generoso no preço-alvo de R$ 53 para R$ 26, considerando a ação preferencial (PETR4)  - o preço-alvo do recibo de ações passou de US$ 20 para US$ 10.

"Agora assumimos que a política de dividendos da Petrobras cairá de 60% da diferença do fluxo de caixa das atividades operacionais e dos investimentos para 50% do resultado final, à medida que a Petrobras provavelmente desenvolve projetos em refino e transição energética." O banco diz que o novo preço-alvo deriva de um yield de dividendos de 15% para a Petrobras, com um "prêmio significativo em relação à média da indústria global de 10% (que inclui recompras)".

Para os analistas, as ações estão aparentemente baratas se observados alguns pares, mas "não o suficiente". "Vemos a negociação da Petrobras em 2023 a 2,0x EV/EBITDA  [valor da empresa/EBITDA] e 2,5x P/E [Preço/Lucro], um desconto de 35% e 60% em relação ao global que faz a Petrobras parecer barato... no entanto, isso pressupõe paridade de preço de combustível, que pode estar em risco."

Nos riscos principais, escrevem os analistas, estão possíveis mudanças na política de dividendos e de preços, congelamento de desinvestimentos e uma eventual alteração na Lei das Estatais, em vigor desde 2016 e que estabelece regras mais rígidas para a governança de empresas do Estado. Ontem, rumores de que o petista Aloízio Mercadante poderia ser indicado ao comando da Petrobras derrubaram os papéis.

"Se confirmado, isso seria um sinal muito negativo para a governança geral no Brasil, já que a lei das Estatais implementada no governo Temer garante vários pontos de governança, incluindo a nomeação de gerentes com um conselho técnico (apolítico) na Petrobras", escreve a equipe.

O que diz a Lei das Estatais

A legislação que trata da governança nas Estatais proíbe pessoas que tenham participado nos últimos 3 anos de comitê de decisão de partido político ou que tenham participado do planejamento e gestão de partido político de assumir cargos em o conselho de administração nem a administração de uma empresa estatal. Ainda segundo a lei, os acionistas minoritários devem eleger pelo menos 1 membro do conselho ou mais se sua participação permitir devido ao mecanismo de voto múltiplo; e se estiver em vigor o sistema de voto múltiplo, pelo menos 25% do conselho de administração deve ser composto por administradores não executivos.

A lei institui a figura do Comitê de Auditoria Externa que possui autonomia dentro dos limites fixados pela diretoria para conduzir investigações de atividades dentro da companhia e também estabelece regras estritas para licitações de fornecimento e para projetos de engenharia. Órgãos de controle externo e interno das três esferas de governo devem supervisionar as estatais e devem ter acesso irrestrito aos documentos da empresa, incluindo aqueles considerados confidenciais.

Outras opções

A indústria do petróleo desvalorizou significativamente nos últimos 10 anos, com a Shell agora sendo negociada a 3,3x EV/EBITDA e 5,5x P/L, observa o banco. A equipe de analistas argumenta que as empresas que estão intensificando os esforços de transição tendem a negociar em múltiplos de avaliação mais baixos.

Por isso, o banco tem preferência por outros nomes como PetroRio (PRIO3), com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 51, e 3R (RRRP3), remendada para compra com preço-alvo de R$ 103. "São bons nomes para jogar o tema de preços de petróleo mais altos aliados ao crescimento e continuam sendo nossas principais escolhas. O principal risco são as mudanças na tributação do setor, que acreditamos ter diminuído com os preços atuais do petróleo."

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