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Bovespa fecha em queda de 0,9% com cautela política

O tom negativo foi endossado pela baixa em Wall Street, onde os principais índices de ações recuaram sob pressão dos setores financeiro e farmacêutico

Bovespa: o mercado segue atento aos movimentos do governo do presidente Michel Temer na tentativa de avançar a proposta de reforma da Previdência (Dado Galdieri/Bloomberg)

Bovespa: o mercado segue atento aos movimentos do governo do presidente Michel Temer na tentativa de avançar a proposta de reforma da Previdência (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 7 de março de 2017 às 19h01.

São Paulo  - O mercado acionário brasileiro fechou em baixa nesta terça-feira, mantendo o movimento de ajuste da véspera, reflexo de cautela com o cenário político local e antes da divulgação de dados econômicos da China e dos Estados Unidos nesta semana.

O Ibovespa caiu 0,9 por cento, a 65.742 pontos. O volume financeiro foi de 7,33 bilhões de reais.

O tom negativo foi endossado pela baixa em Wall Street, onde os principais índices de ações recuaram sob pressão de ações dos setores financeiro e farmacêutico.

"Tanto lá (exterior) como aqui estamos vendo cenários políticos um pouco turvos e as máximas nos mercados financeiros foram ultrapassadas ou testadas recentemente", disse o analista Aldo Moniz, da Um Investimentos .

No cenário político local, o mercado segue atento aos movimentos do governo do presidente Michel Temer na tentativa de avançar a proposta de reforma da Previdência, enquanto permanece a espera por desdobramentos das delações no âmbito da operação Lava Jato.

Na véspera, o presidente se reuniu com a base para discutir o tema e, segundo fontes da Reuters, o governo já admite que tem espaço para negociar pontos polêmicos, desde que a conta final feche como espera a equipe econômica.

Do cenário externo, investidores estão na expectativa dos números da balança comercial chinesa, previstos para o final desta terça-feira (horário de Brasília).

Também no radar estão dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, agendados para sexta-feira, que devem chancelar as apostas de uma alta dos juros norte-americanos ainda em março.

Destaques

- CCR caiu 0,94 por cento, após reportar queda de 30,8 por cento no lucro líquido do quarto trimestre ante igual período do ano anterior, em meio a recuo no tráfego. Além do balanço, pesou a expectativa pela decisão do governo quanto a um novo leilão de concessão de rodovias, incluindo a Presidente Dutra, administrada pela CCR. No fim do dia, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, afirmou que o governo pretende relicitar a concessão da rodovia Dutra, mas que a CCR poderá participar do leilão, que deve ocorrer antes do final do contrato vigente que expira no início de 2021.

- BRASKEM PNA teve baixa de 3,50 por cento, liderando as perdas do Ibovespa, com receios envolvendo a operação Lava Jato pesando sobre os negócios. Segundo operadores, apesar do recente acordo que a empresa fechou com autoridades brasileiras e internacionais, há preocupações de que novas acusações possam levar ao aumento do valor de desembolso já acertado com as autoridades.

- COSAN ON perdeu 3,05 por cento, em sessão de queda de 3,9 por cento nos contratos futuros do açúcar bruto na ICE, que tocaram o menor valor desde o fim de dezembro. Fora do Ibovespa, a queda dos futuros do açúcar ajudou a pressionar ainda SÃO MARTINHO ON, que caiu 2,46 por cento e BIOSEV ON com baixa de 2,85 por cento.

- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,67 por cento, enquanto BRADESCO PN recuou 1,35 por cento, pressionando o Ibovespa devido ao peso das ações em sua composição.

- CEMIG avançou 4,95 por cento, liderando a ponta positiva do Ibovespa. A elétrica mineira obteve liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para manter sua subsidiária Cemig GT como titular da hidrelétrica São Simão sob as bases iniciais do contrato de concessão original da usina, que venceu em 2015.

- M.DIAS BRANCO ON, que não faz parte do Ibovespa, caiu 8,93 por cento, maior queda desde 31 de março de 2009 (-10,14 por cento). A empresa divulgou resultado do quarto trimestre com Ebitda 17 por cento abaixo do esperado por analistas do Itaú BBA, que cortaram a recomendação dos papéis para "underperform" ante "market perform".

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