Entrada da Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2015 às 18h29.
São Paulo - A Bovespa fechou a segunda-feira em queda, reflexo de posições defensivas frente a pauta política intensa prevista para a semana, conforme o panorama econômico, principalmente o futuro do ajuste fiscal, segue atrelado aos desdobramentos em Brasília.
Após manhã volátil com o vencimento de opções sobre ações, o Ibovespa caiu 1,43 por cento, a 46.590 pontos.
O giro financeiro, inflado pelo exercício de opções, somou 7,7 bilhões de reais.
A apreciação no Congresso Nacional de vetos presidenciais, inclusive o relativo ao reajuste de 53 e 78,56 por cento dos salários dos servidores do Judiciário, está entre os eventos dos próximos dias que mais preocupam investidores, uma vez que a derrubada dos mesmos teria um efeito nocivo para o ajuste fiscal.
Conforme destacou o Credit Suisse em nota a clientes, a derrubada do veto sobre o reajuste dos funcionários do Judiciário, por exemplo, anularia o tamanho dos cortes anunciados na semana passada.
Nesse contexto, declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no sentido de manter o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste de servidores do judiciário tiraram o Ibovespa da mínima do dia.
Também estão no radar o envio ao Congresso da medida que recria a CPMF, avaliada no mercado como essencial para o ajuste das contas públicas, e a aguardada reforma administrativa do governo da presidente Dilma Rousseff.
O quadro político nebuloso descolou o pregão brasileiro do movimento positivo em Wall Street, onde o S&P 500 fechou com ganho de 0,46 por cento, recuperando-se de perdas recentes após a manutenção dos juros pelo Federal Reserve.
Dados de fluxo da Bovespa disponibilizados nesta segunda-feira mostraram que o saldo de investidores estrangeiros no mês ficou positivo, totalizando 94,985 milhões de reais em setembro até o dia 17.
DESTAQUES
=BRADESCO e ITAÚ UNIBANCO caíram 3,09 e 2,23 por cento, respectivamente, respondendo pela principal pressão negativa dada a relevante participação que ambos detêm no Ibovespa. O BTG Pactual publicou relatório afirmando que ainda não vê gatilhos que justifiquem um viés mais positivo para ambos os papéis, citando que a expectativa de piora de PIB, a operação Lava Jato longe do fim, o aumento do desemprego num ritmo mais rápido, o rebaixamento do rating do país, entre outros fatores, podem pressionar o faturamento e a qualidade dos ativos dos bancos.
=PETROBRAS fechou com queda de 3,95 por cento nas preferenciais, a 7,3 reais, menor cotação de fechamento desde agosto de 2004, enquanto as ações ordinárias recuaram 3,25 por cento. A queda ocorreu apesar da alta dos preços do petróleo no mercado internacional, com o fortalecimento do dólar ante o real e a recente licença do presidente do Conselho de Administração da estatal, para citar os eventos mais recentes, endossando o cenário hostil para a empresa. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) também deflagraram nesta segunda-feira nova etapa da operação Lava Jato para cumprir mandados de prisão contra suposto outro operador do esquema de corrupção na companhia.
=GOL despencou 10,31 por cento, no maior declínio percentual do Ibovespa, repercutindo o avanço do dólar para perto de 4 reais. As ações da controlada SMILES fecharam em queda de 7,08 por cento - na menor cotação desde meados do ano passado. Em relatório recente, o Santander Brasil disse que a saúde financeira das companhias aéreas que controlam os programas de recompensa é uma questão que não pode mais ser ignorada. Embora os analistas do banco não esperem que os efeitos desfavoráveis potenciais desse problema se concretizem no curto e médio prazos, eles afirmam que aumentou sua cautela a respeito do setor de fidelidade.
=OI também apareceu entre as principais perdas, com declínio de 8,29 por cento, após acumular alta de 56 por cento nos sete pregões anteriores. A operadora de telefonia informou pela manhã que contratou a Rotschild para ajudá-la a otimizar recursos recebidos na venda da PT Portugal SGPS, negando que exista discussão em andamento sobre reestruturação de sua dívida, conforme divulgou a coluna Radar da revista Veja.
=CCR e ECORODOVIAS terminaram em baixa de 6,24 e 1,19 por cento, respectivamente, em meio ao forte acréscimo das taxas futuras de juros longas. <0#2DIJ:> =ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES e KROTON EDUCACIONAL também foram destaque na ponta negativa, com declínio de 3,7 e 3,6 por cento, respectivamente, enquanto o setor de educação segue debilitado por incertezas quanto a possível novo impacto de medidas fiscais por parte do governo federal.
=VALE teve um dia sem tendência definida, terminando com as preferenciais de classe A em queda de 0,57 cento e com os papéis ordinários com alta de 0,1 por cento.
=FIBRIA fechou com elevação de 2,13 por cento, tendo um dos melhores desempenhos do índice, conforme o dólar se fortaleceu ante o real mesmo após o Banco Central anunciar reforço de intervenção. SUZANO PAPEL E CELULOSE , também ajudada pelo movimento do câmbio, subiu 1,13 por cento.
=JBS ganhou 1,35 por cento, também no grupo de companhias ajudadas pelo cenário de dólar mais forte, assim como EMBRAER, que avançou 0,54 por cento.
Texto atualizado às 18h29