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Bovespa fecha em queda com apreensão por cena fiscal

O Ibovespa fechou em queda e abaixo dos 51 mil pontos pela primeira vez desde março


	Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: o Ibovespa caiu 1,09%, a 50.915 pontos
 (Nacho Doce/Reuters)

Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: o Ibovespa caiu 1,09%, a 50.915 pontos (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2015 às 18h16.

São Paulo - O principal índice da Bovespa fechou em queda de 1 por cento e abaixo dos 51 mil pontos pela primeira vez desde março nesta quarta-feira, com agentes financeiros apreensivos acerca de um esperado "drástico" corte na meta fiscal do governo.

A queda das ações de bancos e da Petrobras guiou a quarta baixa seguida do índice, que também foi pressionado pelo declínio dos preços de commodities.

O Ibovespa caiu 1,09 por cento, a 50.915 pontos, menor patamar de fechamento desde 27 de março.

O giro financeiro totalizou 5,5 bilhões de reais. Fontes do governo disseram à Reuters que a meta de superávit primário de 2015 será reduzida para 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) diante do cenário de fraca economia, com uma dessas fontes afirmando que a equipe de Dilma Rousseff fará o mesmo movimento para o alvo de 2016.

O corte em relação à meta atual --equivalente a 1,1 por cento do PIB-- que deve ser divulgado nesta quarta-feira, "representaria uma alteração muito aquém da faixa entre 0,6 e 0,9 por cento do PIB precificada pelo mercado", destacou a corretora CM Capital Markets.

"Um corte nesta magnitude afeta a credibilidade do governo adicionando o risco de rebaixamento" da nota de crédito soberana, afirmaram as economistas Camila Abdemalack e Jessica Strasburg da corretora CM, em nota a clientes.

A queda forte de commodities também pesou na bolsa paulista, com o petróleo nos Estados Unidos recuando mais de 3 por cento, após uma alta inesperada nos estoques norte-americanos da commodity, enquanto o minério de ferro à vista na China caiu quase 3 por cento.

O índice de commodities da Thomson Reuters apontava queda de mais de 1 por cento.

A quarta-feira ainda marca o começo da temporada de resultados do segundo trimestre de empresas listadas no Ibovespa, com os números da Natura aguardados para depois do fechamento.

DESTAQUES

=PETROBRAS fechou com queda de quase 4 por cento, acompanhando o forte recuo nos preços do petróleo, com a cotação da commodity nos EUA fechando abaixo de 50 dólares o barril. Agentes financeiros também estão na expectativa da reunião do Conselho de Administração da companhia na sexta-feira, que deve tratar do plano de desinvestimentos da empresa. O quadro desfavorável à companhia era complementado por notícia de que a estatal planeja reduzir a produção de diesel da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Estado do Rio de Janeiro, durante manutenção planejada para ocorrer a partir de 28 de agosto, conforme afirmou à Reuters fonte com participação direta na unidade.

=ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram 1,56 e 0,79 por cento, respectivamente, em meio a preocupações sobre o efeito da esperada mudança na meta fiscal para o rating do país. A avaliação de que o setor está com múltiplos em níveis elevados, combinado com preocupações sobre inadimplência e qualidade do crédito, reforçava a pressão de baixa no setor para a temporada de balanços do segundo trimestre, apesar de expectativas ainda favoráveis sobre margens. BANCO DO BRASIL cedeu 4,82 por cento e SANTANDER BRASIL perdeu 1,79 por cento.

=VALE fechou com queda de 2,8 por cento nos papéis preferenciais, acompanhando o recuo nos preços do minério de ferro na China e afetada pela decisão da Justiça Federal no Maranhão de suspender parte das obras para a duplicação da Estrada de Ferro Carajás da mineradora, após o Ministério Público Federal (MPF/MA) propor uma ação civil pública, com pedido de liminar, por entender que as obras vêm gerando impactos a um povo indígena da região. Procurada, a Vale afirmou que "adotará os recursos e medidas cabíveis para o restabelecimento das obras". "Se a suspensão permanecer no por mais tempo, a expansão da Vale pode ser adiada", disse o Credit Suisse em nota a clientes.

=GERDAU recuou 4,38 por cento, guiando as perdas entre os papéis do setor siderúrgico listados no Ibovespa, afetada também pela possibilidade de que algumas decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) devem ser anuladas em meio às investigações da operação Zelotes da Polícia Federal sobre esquema de corrupção no órgão. Segundo o jornal Valor Econômico, entre as decisões que poderiam ser anuladas está a que livrou a companhia de multa de 800 milhões de reais em 2012. GERDAU METALÚRGICA desabou 7,4 por cento. MARCOPOLO perdeu 4 por cento, com a reportagem do jornal citando ainda que julgamento no Carf envolvendo a empresa também poderia ser revisto.

=NATURA caiu 0,49 por cento, antes da divulgação do balanço após o fechamento do mercado. O BTG Pactual afirmou esperar mais um resultado relativamente fraco. "Apesar de nossos números apontarem algum crescimento no Ebitda consolidado, ainda enxergamos um crescimento baixo nas operações do Brasil", disse em nota a clientes, acrescentando que empresa de cosméticos deve continuar perdendo fatia no mercado e tendo que investir muito em marketing e pesquisa e desenvolvimento para tentar reverter essa tendência. A média das projeções apuradas pela Reuters aponta queda do lucro no segundo trimestre na comparação anual, para 166 milhões de reais.

=ENERGIAS DO BRASIL foi um dos destaques na ponta positiva, com elevação de 3,48 por cento. O Bradesco BBI elevou a avaliação para ação para "outperform", com preço-alvo de 16 reais, destacando melhores condições regulatórias para as distribuidoras de energia da empresa, menor impacto do déficit de geração hídrica para as geradoras a partir de 2016 em diante, mudança de estratégia e governança corporativa mais forte e preço descontado em comparação com suas concorrentes no setor.

Texto atualizado às 18h15
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