São Paulo - O principal índice de ações da B3 fechou esta sexta-feira em alta, apesar da forte queda das ações da Petrobras, após a renúncia de Pedro Parente como presidente da estatal.
O Ibovespa subiu 0,63 por cento, a 77.239 pontos, após subir 1,84 na máxima da sessão e cair 1,6 por cento na mínima. O volume financeiro somou 14,95 bilhões de reais.
Na semana, encurtada pelo feriado de Corpus Christi na véspera, o indicador caiu 2,1 por cento. Em 2018, a alta acumulada é de 1,1 por cento.
As ações começaram esta sexta-feira no azul, espelhando a firmeza das bolsas no exterior após indicadores favoráveis nos Estados Unidos, mas devolveu os ganhos da abertura em meio ao recuo acentuado dos papéis da Petrobras na esteira do pedido de demissão do presidente-executivo.
A saída de Parente é o mais recente desdobramento da crise desencadeada pela greve de caminhoneiros encerrada na quinta-feira (17). O protesto contra os valores do diesel durou 11 dias e afetou o abastecimento de combustíveis em todo o país, colocando pressão sobre a política de preços petrolífera.
"A saída do Parente era uma possibilidade que vinha sendo ventilada nas últimas semanas, ainda assim acho que pegou o mercado desprevenido", disse à Reuters o economista da Guide Investimentos Ignácio Crespo.
Para a equipe de analistas da corretora Spinelli, a renúncia de Parente coloca em xeque o programa de desinvestimentos da Petrobras, já que o executivo era o idealizador dessa estratégia para redução da alavancagem financeira.
"Desta forma, a rentabilidade e geração de caixa estimada deve sofrer forte impacto negativo para os próximos dois anos, além de incertezas sobre o futuro da companhia", escreveram os analistas da Spinelli em relatório.
A B3 chegou a suspender a negociação das ações da estatal, que depois chegaram a cair mais de 20 por cento no decorrer do dia, liderando os piores desempenhos do Ibovespa.
Na outra ponta, os papéis da BRF Foods foram destaque de alta, subindo mais de 9 por cento em meio a especulações de que Parente pode assumir o comando da empresa de alimentos, depois de ser eleito para presidir o conselho da mesma no fim de abril.
O Ibovespa voltou a operar no campo positivo no fim da tarde, apoiando-se novamente no cenário de maior apetite por risco lá fora. "O exterior acabou ajudando bastante", disse o economista-chefe da Infinity Asset Management Jason Vieira.
Ganhos de ações do setor bancário e da mineradora Vale também ajudaram a contrabalançar a pressão exercida pelos papeis da Petrobras nesta sexta-feira, segundo outros agentes de mercado ouvidos pela Reuters.
Destaques
- PETROBRAS PN caiu 14,86 por cento, e PETROBRAS ON perdeu 14,92 por cento, tendo o pior desempenho do Ibovespa, na esteira da renúncia de Pedro Parente ao cargo de presidente-executivo. O diretor financeiro e de relações com investidores, Ivan Monteiro, foi escolhido pelo conselho de administração para acumular interinamente o cargo.
- BRF ON subiu 9,2 por cento, ocupando a primeira posição na lista de maiores altas do índice. De acordo com operadores ouvidos pela Reuters, a saída de Pedro Parente da Petrobras fortaleceu rumores que circulavam no mercado desde o começo da semana de que Parente poderia assumir a presidência-executiva da empresa de alimentos. Ele foi eleito presidente do conselho de administração da BRF no fim de abril.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2 por cento. Ainda no setor bancário, BRADESCO PN ganhou 2,43 por cento, SANTANDER UNIT subiu 3,7 por cento e BANCO DO BRASIL ON fechou em alta de 0,95 por cento.
- SUZANO PAPEL E CELULOSE avançou 3,2 por cento, após autoridades de defesa da concorrência nos Estados Unidos aprovarem a fusão com a Fibria. A companhia anunciou a retomada gradual das atividades em todas as plantas, após o fim da greve de caminhoneiros.
- AZUL PN cedeu 0,04 por cento, após a companhia aérea divulgar perda de receita de cerca de 50 milhões de reais com a paralisação dos caminhoneiros nos últimos 11 dias, o que de será contabilizado no resultado do segundo trimestre.
- ELETROPAULO saltou 27 por cento, com investidores atentos ao processo de venda da elétrica, após a oferta de 7,6 bilhões de reais feita da italiana Enel.
(Edição de Raquel Stenzel)