Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2012 às 10h22.
São Paulo - A Bovespa começa o novo mês e o segundo trimestre de 2012 com um pé atrás, na esteira das preocupações que assolaram os mercados financeiros nas duas últimas semanas. Apesar de ter registrado, nos três primeiros meses deste ano, o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2010, os investidores pisaram no freio próximo ao fim do período e contiveram o rali, diante da encruzilhada em que se encontra a economia global. E, depois dos números destoantes sobre a atividade na China, anunciados no fim de semana, e a mais nova decepção quanto à economia na zona do euro, divulgada pela manhã, a expectativa, agora é com a indústria nos EUA. O Ibovespa abriu em alta de 10%, aos 64.574 pontos.
O analista da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, destaca, em relatório, que a cautela passa a permear os negócios pelo mundo neste novo trimestre, em linha com a volatilidade observada perto do fim do trimestre passado, sem se esquecer da máxima dos mercados financeiros em relação ao mês de maio: o famoso "sell in May and go away" ("venda em maio e vá embora", em tradução livre).
Para Viera, o sentimento mais cauteloso entre os investidores ocorre porque a expectativa quanto ao futuro da economia mundial continua em aberto e cercada de grande tensão. E o noticiário do fim de semana até esta manhã não contribui para sanar essas incertezas.
Os dois indicadores de atividade do setor de manufatura da China não ofereceram um cenário claro sobre o desempenho do segmento em março. Enquanto o índice oficial, medido pela CFLP, mostrou inesperado fortalecimento da atividade e alcançou o melhor nível em 12 meses, o índice compilado pelo banco HSBC identificou fraqueza do setor, embora tenha exibido resultado melhor que o da leitura preliminar.
Já na zona do euro, a indústria manufatureira registrou a maior contração em três meses em março, à medida que a produção em países periféricos, como Espanha e Grécia, diminui em razão das medidas de austeridade fiscal implementadas. Além disso, o índice PMI industrial da região situou-se abaixo da linha divisória de 50 pelo oitavo mês seguido. Em meio a esses sinais de fraqueza da atividade, a quantidade de pessoas sem emprego na zona do euro subiu para um novo recorde, ainda em fevereiro, e somou 17,134 milhões.
Também em relatório, o analista da Um Investimentos, Eduardo Oliveira, acrescenta que as dúvidas sobre a capacidade de a Espanha continuar solvente começam a aparecer, mesmo que ainda timidamente. Porém, para o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec), do Bradesco, a capacidade de solvência do país é factível, embora a situação econômica espanhola mereça atenção e monitoramento especial.
Em relatório distribuído na última sexta-feira, o analista Andréa Marcos Angelo, da equipe chefiada pelo diretor Octavio de Barros, avalia que a situação fiscal espanhola antes da crise das dívidas soberanas europeias e a implementação de reformas que buscam a redução do déficit público devem tornar as contas públicas do país administráveis. "Tornando a Espanha, em nossa visão, um país solvente", diz.
Da mesma forma, Vieira, da Cruzeiro do Sul, avalia que os severos pacotes de ajuste fiscal, adotados por alguns países na Europa, devem ser bons o suficiente para liberar as ajudas financeiras tão necessárias no momento. Ademais, o analista ressalta que entre as economias de países desenvolvidos, os EUA começaram a dar sinais concretos de uma tendência de recuperação. "E mesmo que o país possa passar por um 'respiro' em abril, esse processo deve continuar durante o ano", destaca.
E essa retomada da economia norte-americana pode ser conferida logo mais, o que deve ditar o ritmo dos pregões em Nova York e em São Paulo. Às 11 horas, quando o ISM divulga de atividade industrial em março. A previsão para o dado é de avanço para 53,0, de 52,4. No mesmo horário, serão divulgados os investimentos em construção civil em fevereiro.
Em tempo: A BM&F Bovespa divulgou a primeira prévia da carteira teórica do Ibovespa, válida para maio a agosto de 2012, que não trouxe nenhuma novidade em relação à carteira teórica de janeiro a abril. Dessa forma, o número de ações listadas no índice permanece em 70.