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Bovespa cai 0,82% por cautela com quadro político

Além das acusações no STF, Temer enfrenta ainda a perda de força em sua base de apoio, com reunião do PSDB para decidir seu apoio ao governo

B3: o cenário externo também contribuiu para o tom negativo (Patricia Monteiro/Bloomberg)

B3: o cenário externo também contribuiu para o tom negativo (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 12 de junho de 2017 às 18h16.

São Paulo - O principal índice da bolsa paulista fechou em queda nesta segunda-feira, com investidores cautelosos com o quadro político local, diante da crise que atinge o governo do presidente Michel Temer e ameaça o andamento de reformas no Congresso Nacional.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,82 por cento, a 61.700 pontos. O volume financeiro somou 6,88 bilhões de reais.

O presidente Michel Temer conseguiu sobrevida política após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver, na noite de sexta-feira, a chapa Dilma-Temer das acusações de ter cometido abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.

No entanto, a situação ainda é delicada, uma vez que o presidente é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por acusação de obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.

Além das acusações, Temer enfrenta ainda a perda de força em sua base de apoio.

No mais recente capítulo, o PSDB, principal parceiro do governo, se reúne nesta segunda-feira para decidir a posição do partido em relação ao governo.

A avaliação de importantes membros da legenda ouvidos pela Reuters é que o PSDB deverá manter o apoio a Temer, mas com "condicionantes".

O cenário externo também contribuiu para o tom negativo neste pregão, com Wall Street em baixa sob pressão do setor de tecnologia.

Destaques

- JBS ON recuou 3,98 por cento, no pior desempenho do Ibovespa. Os papéis da empresa vêm mostrando forte volatilidade desde a delação de seus executivos. Na sexta-feira, a agência de classificação de riscos Moody's cortou o rating da JBS de "Ba3" para "B2", com perspectiva negativa, citando os riscos relacionados a possíveis processos judiciais futuros, à governança da empresa e aos danos de reputação.

- BRADESCO PN perdeu 1,61 por cento, ajudando o tom negativo do Ibovespa devido ao peso das ações em sua composição. ITAÚ UNIBANCO PN, também de peso relevante no índice, fechou estável, após cair 1,35 por cento na mínima do dia. BANCO DO BRASIL ON teve o pior desempenho entre os bancos, com queda 2,37 por cento.

- VALE PNA recuou 1,94 por cento e VALE ON caiu 1,68 por cento, após alta nos dois pregões anteriores. O recuo ocorreu apesar da alta nos contratos futuros do minério de ferro na China, ajudados nesta sessão por esperanças renovadas de uma maior demanda, mesmo em meio a preocupações ainda existentes sobre o excesso de oferta naquele país, maior comprador global da commodity.

- COSAN ON perdeu 1,83 por cento, acumulando perda de 13,27 por cento no período. A ação da empresa tem sido pressionada por receios quanto à eventual delação do ex-ministro Antonio Palocci que, segundo reportado pela mídia há cerca de uma semana, envolveria também a Cosan.

- BB SEGURIDADE ON teve baixa de 2,92 por cento. No radar estava a operação de arbitragem recomendada pela equipe do BTG Pactual, com posição vendida nos papéis da empresa comprada em CIELO ON. As ações da Cielo subiram 1,01 por cento.

- PETROBRAS PN ganhou 0,39 por cento e PETROBRAS ON fechou estável, afastando-se das máximas da sessão. As ações da petroleira acompanharam o movimento dos preços do petróleo no mercado internacional, que tiveram ganhos, mas também perderam força e fecharam longe das máximas do dia.

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