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Bovespa abre em baixa com dados econômicos da China

Internamente, as ações de empresas produtoras e comercializadoras de alimentos repercutem a desoneração de impostos federais de produtos da cesta básica

Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa (Nacho Doce/Reuters)

Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 10h43.

São Paulo - A realização de lucros iniciada pela Bovespa na última sexta-feira (08) tem continuidade nesta segunda-feira, diante do sinal negativo que prevalece nos mercados internacionais.

A decepção com os dados econômicos na China, divulgados no final de semana e que mostraram inflação em alta e atividade mais fraca, somada aos velhos problemas de dívida na Europa e nos Estados Unidos, inibe o apetite ao risco no exterior.

Internamente, as ações de empresas produtoras e comercializadoras de alimentos repercutem a desoneração de impostos federais de produtos da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma Rousseff ao final da semana passada. Às 10h05, o Ibovespa caía 0,31%, aos 58.254,14 pontos, na mínima.

Em pronunciamento feito em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma anunciou a isenção de impostos federais em todos os produtos da cesta básica. O pacote reduz o PIS/Cofins de 9,25% para zero das carnes, café, óleo, manteiga, açúcar e papel higiênico.

Pasta de dente e sabonete, que eram tributados em 12,5%, também tiveram alíquota de PIS/Cofins zerada. Além disso, no caso do açúcar e sabonete, o IPI cai de 5% para zero. Os demais produtos da cesta básica (leite, feijão, arroz, farinha de trigo ou massa, batata, legumes, pão e frutas) já tinham PIS/Cofins e IPI zero.

A medida representa uma renúncia fiscal de R$ 7,386 bilhões por ano e pode levar agentes financeiros, que até então estavam convencidos de que os juros básicos subiriam já em abril, a refazer as apostas e aferir se a isenção de impostos federais em itens básicos irá adiar um pouco mais o início do ciclo de aperto monetário no Brasil.


Segundo a pesquisa Focus, divulgado nesta manhã pelo Banco Central, a taxa básica de juros (Selic) deve subir dos atuais 7,25% para 8,00% ao final de 2013, com os aumentos ocorrendo a partir de outubro.

Para o gerente de renda variável da Fator Corretora, Frederico Lukaisus, a notícia é positiva para a Bolsa como um todo, porque alivia um pouco da pressão com relação à inflação e um eventual ciclo de alta da Selic.

Ainda assim, ele não acredita que a medida é suficiente para minar as apostas de um processo de aperto monetário. "Talvez adie um pouco o início da alta, mas não elimina as chances", diz.

Dessa forma, avalia Lukaisus, o efeito da medida deve ser mais pontual, influenciando as ações de frigoríficos, como JBS e Minerva, de fabricantes de alimentos, como M.Dias Branco, e de varejistas, como Pão de Açúcar. A partir desta segunda-feira, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) começará a vender itens da cesta básica com preços reduzidos.

Conforme comunicado feito por meio da assessoria de imprensa do GPA, não foi fixado um porcentual único e generalizado de redução dos preços que chegará ao consumidor. Para cobrar esses repasses imediatos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se, às 16 horas, com empresários e representantes do setor de supermercados e do comércio.

Já no exterior, as principais bolsas europeias operam com viés de baixa, após a Fitch cortar a nota de risco de crédito soberano (rating) da Itália em um nível, de A- para BBB+.


"Os investidores também estão cautelosos também por causa da divulgação de dados chineses, que mostraram a inflação em alta e o nível de atividade econômica lento", acrescentam a equipe de analistas do BB Investimentos, em relatório.

O índice de preços ao consumidor (CPI) na China subiu 3,2% em fevereiro em relação a um ano antes, de +2,0% em janeiro, na mesma base de comparação, na maior alta desde abril de 2012 e superando a previsão de +3,0%.

Do lado da atividade, a produção industrial cresceu mais lentamente, com um aumento de 9,9% nos meses de janeiro e fevereiro deste ano ante igual período do ano passado, enquanto as vendas no comércio varejista cresceram 12,3%, na mesma base de comparação. A Bolsa de Xangai fechou em queda de 0,4%.

Em Wall Street, os investidores começam a dar maior atenção à questão fiscal. Os presidentes das comissões de Orçamento da Câmara e do Senado vão apresentar nesta semana propostas orçamentárias para criar um projeto de lei de financiamento, que deve ser aprovado até 27 de março a fim de evitar uma paralisação parcial das contas do governo.

A continuidade do impasse pode abrir espaço para uma realização de lucros mais forte em Nova York. Na última sexta-feira (08), o índice Dow Jones cravou novo recorde nominal, marcando seis sessões seguidas de valorização, na série mais longa desde 25 de janeiro.

No mesmo dia, a Bovespa interrompeu uma sequência de dois pregões consecutivos de ganhos, o que não impediu o mercado acionário doméstico de garantir a melhor performance semanal do ano. Mesmo assim, a alta recente da Bolsa não passa de uma transição no atual intervalo, que vai entre os 56 mil pontos, no fundo, e os 63 mil pontos, no topo.

É válido lembrar que os EUA entraram no horário de verão neste domingo. Assim, o pregão regular em Wall Street passa a ser das 10h30 às 17 horas.

Nesta segunda-feira, não está prevista a divulgação de nenhum dado econômico norte-americano. Ainda no horário acima, o futuro do S&P 500 tinha leve baixa de 0,10%.

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