Redatora
Publicado em 23 de junho de 2025 às 06h06.
As bolsas internacionais operam com cautela na manhã desta segunda-feira, 23, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio. A reação vem após os Estados Unidos, sob comando do presidente Donald Trump, realizarem ataques a três instalações nucleares no Irã durante o fim de semana, em uma escalada no conflito que já envolve Israel.
O temor de que o Irã retalie, inclusive com o fechamento do Estreito de Hormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo global, elevou a aversão ao risco nos mercados e disparou os preços do petróleo para máximas de cinco meses.
Por volta das 5h06 (horário de Brasília), o Brent subia 0,93%, a US$ 77,73 o barril, e o WTI avançava 0,96%, a US$ 74,55. Mais cedo, ambos os contratos chegaram a disparar mais de 3%, com o Brent atingindo US$ 81,40 e o WTI, US$ 78,40, os níveis mais altos desde janeiro.
A escalada nos preços ocorre após Trump afirmar no domingo que “obliterou” as principais instalações nucleares do Irã. O país, que é o terceiro maior produtor da Opep, prometeu retaliar.
Analistas alertam que, se houver bloqueio no Estreito de Hormuz, os preços do petróleo podem subir para além dos US$ 100, com alguns cenários apontando até US$ 120, segundo projeções da consultoria SS WealthStreet obtidas pela Reuters.
O Goldman Sachs estima que, se os fluxos de petróleo pelo estreito forem reduzidos pela metade por um mês, o Brent poderia chegar temporariamente a US$ 110 o barril. Ainda assim, o banco pondera que um fechamento total é improvável, dado que o próprio Irã depende dessa rota para exportar seu petróleo.
O tom de cautela predominou nas bolsas da Ásia. No Japão, o Nikkei 225 recuou 0,13%, enquanto o Topix perdeu 0,36%. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 0,24% e o índice Kosdaq, de empresas de menor capitalização, recuou 0,85%. Na Austrália, o S&P/ASX 200 fechou em queda de 0,36%.
Na contramão, o Hang Seng, de Hong Kong, conseguiu fechar em alta de 0,67%, impulsionado por papéis do setor de tecnologia, e o índice CSI 300, da China, avançou 0,29%.
Na Europa, os principais índices abriram em leve queda, com o europeu Stoxx 600 recuando 0,4% no começo do pregão, pressionado pelos setores de defesa e tecnologia.
O índice que reúne ações de defesa na Europa caía 0,5%, refletindo a aversão momentânea, embora tenha acumulado alta de 1,1% na última semana.
Por volta das 5h40 (horário de Brasília), o francês CAC 40 operava praticamente estável, em alta de 0,02%. O DAX, da Alemanha, subia 0,14%, e o FTSE 100, do Reino Unido, avançava 0,09%.
Nos Estados Unidos, os futuros de Wall Street operam em leve alta, após duas semanas consecutivas de queda. Os contratos futuros do S&P 500 subiam 0,23%, os do Nasdaq 100 avançavam 0,29% e o do Dow Jones tinham alta de 0,13%.
O dólar começou a semana em alta frente a uma cesta de moedas, com avanço de 0,3% no índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra seis divisas fortes. A moeda americana se fortalece em meio à aversão ao risco, enquanto moedas consideradas porto seguro, como o franco suíço e o iene japonês, perderam força.
O iene, particularmente sensível aos preços do petróleo, recuava 0,7% frente ao dólar. Mais de 90% das importações de petróleo do Japão vêm do Oriente Médio.