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Bolsas “comemoram” um ano de pânico financeiro

Corte histórico no rating americano espalhou o medo por todo o mundo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2012 às 17h01.

São Paulo – Os mercados financeiros em todo o mundo comemoraram ontem um ano de uma fatídica segunda-feira de pânico generalizado. Os primeiros raios de sol do dia 8 de agosto de 2011 já traziam a certeza de um dia histórico. A certeza era tamanha porque o maior temor dos investidores e também do presidente americano Barack Obama se tornara realidade na noite da sexta-feira anterior.

O debate interminável entre republicanos e democratas – que virou até um rap – sobre o aumento do teto da dívida americana cansou a Standard and Poor’s. Após várias ameaças, a agência cortou o rating do país de AAA para AA+ e os EUA deixaram o clube dos investimentos mais seguros do mundo.

A primeira bolsa a sentir o terremoto foi a da Arábia Saudita. O índice Tadawul All-Shares fechou em baixa de 5,46% um dia após o corte da nota. Nos EUA, as bolsas em Wall Street caíram muito forte. Os mercados já vinham da maior queda semanal desde a crise de 2008. "O movimento foi baseado no medo", disse o operador Stephen Leuer, da X-FA Trading, acrescentando que o mercado foi atingido por um efeito manada, com todos "correndo para a saída".

No Brasil, o pregão foi ainda mais tenso. O Ibovespa, principal índice de ações da Bovespa, cedeu 8,08% e encerrou o dia aos 48.668 pontos. Foi a maior queda desde 22 de outubro de 2008. Ao longo do dia, contudo, as ações chegaram a cair 9,7%, quase acionando o circuit breaker, sistema que poderia parar os negócios por 30 minutos. Nenhum papel terminou o dia em alta. O volume financeiro girado foi de 9,6 bilhões de reais.

Na Europa, os mercados também tombaram. Em Londres, o FTSE fechou em queda de 3,4%. Na Alemanha, o DAX 30 caiu 5,02%. Em Paris, o CAC 40 se desvalorizou 4,68% e, na Espanha, o Ibex 35 terminou em baixa de 2,44%. Na Argentina, o índice Merval despencou 10%.

Depois da tempestade...

A calmaria. Alarmado pela aguda reação do mercado, o presidente do Banco Central americano (Federal Reserve), Ben Bernanke, chamou a responsabilidade para si. O chairman anunciou já no dia seguinte a intenção de manter o juro entre zero e 0,25% ao ano até a metade de 2013. 


Além de garantir uma política monetária frouxa, o Fed também animou o mercado ao dizer que possui as ferramentas necessárias para promover uma forte recuperação econômica com a estabilidade de preços. Era a promessa do terceiro afrouxamento quantitativo (Quantitative Easing – QE3), que até hoje não veio – mas continua a gerar expectativa.

Recuperação

Um ano depois do pânico, os investidores voltaram a apostar em uma melhora para a bolsa após dados mais positivos do mercado de trabalho americano em julho, além da expectativa por um novo estímulo monetário do Banco Central americano, o QE3, e do Banco Central Europeu nas próximas reuniões de política monetária agendadas para os dias 13 e 6 de setembro, respectivamente.

O índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, acumula uma alta de 15% no período. No Brasil, o Ibovespa tem uma valorização de aproximadamente 20%.

Confira o Rap da Dívida

Remy Munasifi , criador do vídeo publicado na Reason TV - um grupo liderado pelo comediante Drew Carey que incentiva o debate sobre a liberdade de expressão e que critica o governo americano em vídeos e documentários - dispara contra a gastança do governo para sair da crise financeira de 2008, que levou o país a uma situação quase insustentável.

Nós temos um plano monetário – e ele envolve bastante tinta, diz um trecho da música. Nós talvez não possamos ser capazes de resolver os nossos problemas do teto da dívida, mas pelo menos podemos colocá-la em uma boa batida, afirmaram os criadores. Veja:

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