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Bolsa volta a fechar acima dos 108 mil após "efeito Lula"

Economistas veem baixo potencial de ex-presidente atrapalhar agenda de reformas do governo

Ibovespa: após a aprovação da reforma da Previdência, como fica a Bolsa? (Cris Faga/Getty Images)

Ibovespa: após a aprovação da reforma da Previdência, como fica a Bolsa? (Cris Faga/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de novembro de 2019 às 18h57.

Última atualização em 11 de novembro de 2019 às 19h54.

O Ibovespa subiu 0,69% nesta segunda-feira (11) e fechou em 108.367,44 pontos. A alta ocorre após a Bolsa ter a pior queda em um mês na sexta-feira (8), quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a prisão. Apesar da forte baixa no último pregão, especialistas acreditam que, mesmo livre, o petista teria pouco efeito sobre a Bolsa.

“A autoridade do presidente [Jair Bolsonaro] e do ministro da Economia [Paulo Guedes] não foram ameaçadas em nenhum momento. Enquanto não causar problemas para a autoridade deles, tanto faz o que ele [Lula] fizer”, afirmou André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Para o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, o ex-presidente tem baixo potencial de atrapalhar as reformas propostas pelo governo. “Como o Congresso chamou para si, eles não podem ser detratoras da agenda”. 

Vieira também acredita que a saída de Lula da prisão não teve tanta influência na última sexta, visto que, no exterior, as bolsas vinham em queda após o presidente Donald Trump jogar dúvidas sobre as negociações comerciais. “Como gerou muitas notícias em cima [da soltura] dá a entender que teve efeito maior do que foi”, disse.

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Nesta segunda, os principais índices acionários do mundo voltaram a recuar, ainda com dúvidas sobre a “fase 1” do acordo entre China e Estados Unidos. Em Hong Kong, a bolsa fechou em queda de 2,62% depois de um manifestante ser baleado e outro incendiado em protestos na ilha. Em meio a esse cenário, Perfeito vê a alta do Ibovespa como um movimento de recuperação das últimas perdas.

O real também recuperou parte de seu valor frente ao dólar. Após se aproximar dos 4,17 reais na última sexta, o dólar recuou 0,614% nesta segunda e fechou sendo negociado a 4,143. 

Ações

Entre os setores que ajudaram a Bolsa a começar a semana no azul, destaca-se o financeiro. Com grande participação no Ibovespa, os grandes bancos tiveram sessão positiva, com valorizações dos papéis do Itaú (0,70%), Bradesco (0,47%), Banco do Brasil (0,51) e Santander (0,24%). Os papéis da B3 também subiram 2,87%, após o balanço positivo apresentado no fim da semana anterior. 

Mesmo com o preço do petróleo em queda no exterior, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras se apreciaram 0,7% e 1,43%, respectivamente. A alta também contribuiu para a pontuação do Ibovespa nesta segunda. Desde o fim de agosto, os papéis da estatal já acumulam mais de 16% de valorização.

Com menor participação no Ibovespa, as varejistas esboçaram reação. Quem liderou o setor na Bolsa foram as ações das Lojas Renner, que se valorizaram 3,33%. Já os papéis da Marisa subiram 2,83%, os da Magazine Luiza, 2,76%, os das Lojas Americanas, 2,36% e os das Alpargatas, 4,21%. Todos eles tiveram perdas na semana passada. 

A Vale, porém, caiu 2,14% na Bolsa e impediu altas mais fortes na sessão. Sozinha, a mineradora representa 8,3% do Ibovespa. Na última semana, o papel vinha de desvalorização de 1,6%.

Outra ação que deu continuidade ao movimento de queda foi a da CVC. A empresajá admitiu estar enfrentando “desafios” neste ano. Na sexta (8), o papel da agência de turismo teve depreciação de mais de 14%, após a empresa divulgar queda do lucro líquido no terceiro trimestre.

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