Ibovespa: Índice se descola do S&P 500 e sobe 1,51% em dia misto no exterior (Chuanchai Pundej/EyeEm/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 18h28.
Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 19h48.
São Paulo - O Ibovespa fechou acima dos 114 mil pontos pela primeira vez na história, estabelecendo mais uma marca histórica. Em dia misto no exterior, o S&P 500 fechou no negativo, mas o otimismo se manteve na B3. Nesta quarta-feira (18), o principal índice da Bolsa subiu 1,51% e fechou em 114.314,65 pontos. Este foi o quarto recorde de fechamento dos últimos cinco pregões. No ano, o Ibovespa acumula alta de 30%.
No começo do pregão, a Bolsa abriu em queda, após o IGP-M da segunda prévia dezembro apresentar alta de 2,06%, acima das expectativas do mercado. O índice, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é conhecido como inflação do aluguel por ser usado como referência em reajustes de locação.
O cenário virou em pouco tempo e ainda pela manhã, o índice já indicava um recorde de fechamento. Mas, foi só no meio da tarde que o Ibovespa subiu de forma mais acentuada. O período coincidiu com as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre suas perspectivas para o próximo ano.
"O Brasil vai viver uma avalanche de investimentos em 2020", afirmou Paulo Guedes. O ministro também disse que numa perspectiva "conservadora" espera um crescimento do PIB (produto interno bruto) de pelo menos 2% no próximo ano. "Será o dobro desse ano. Se for 1,2% [em 2019] será de 2,4%."
Sandra Peres, analista da Terra Investimentos, avaliou que o discurso do Gudes foi o principal motivo para alta de hoje.
“Ele passou uma confiança extrema sobre a possibilidade de o mercado continuar respondendo à elevação do PIB”, disse.
De acordo com Sandra Peres, as falas do ministro também teve reflexos no câmbio. Nesta quarta-feira (18), o dólar caiu 0,13% para 4,06 reais, renovando a menor cotação em seis semanas. "Essa melhora da economia propicia a entrada de investidores estrangeiros".
Essa entrada, segundo Peres, deve passar pelas ações com maior liquidez na Bolsa, de empresas consolidadas - as chamadas blue chips. "Essas empresas tendem a performar melhor primeiro", comentou.
Os grandes bancos (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil), por exemplo, se enquadram nesse perfil. Nesta sessão, as ações do setor tiveram grande contribuição na alta do Ibovespa, já que tem grande peso na carteira do índice. Entre eles, foi o Banco do Brasil que mais subiu na Bolsa, registrando valorização de 3,45%. Logo atrás vieram as ações do Santander, que se apreciaram 3,05%. Ofs papéis do Bradesco e do Itaú subiram 2,79% e 1,28, respectivamente.
Para a analista, a alta dos bancos também passa por um movimento de correção, já que, em novembro, o setor registrou baixas significativas.
Com peso de 11,72% no Ibovespa, os papéis da Petrobras também contribuíram para o recorde. Após entrarem em queda na última semana com o anúncio de que o BNDES poderia se desfazer de sua participação na estatal - o que provocaria um forte aumento na oferta ações -, seus papéis já se recuperaram das perdas. No pregão de hoje, as ações ordinárias da estatal subiram 2,63% e as preferenciais, 2,31%.
Outro destaque da Bolsa foram as ações da Hypera Pharma, que fecharam em alta de 3,84%. Pela manhã, a empresa comunicou em fato relevante que fez a aquisição das marcas da família Buscopan em transação de 1,3 bilhão de reais. A companhia é dona de medicamentos populares, como Benegrip e Engov e informou que a compra está em linha com a estratégia de expansão por meio de marcas consolidas no mercado.
Na ponta negativa, as ações da Marfrig se desvalorizaram 4,21% e lideraram as quedas do Ibovespa, após o follow-on ser realizado com as ações precificadas a 10 reais - 70 centavos a menos do que o valor de cotação de terça-feira (17). Contudo, a maioria dos frigoríficos listados tiveram alta na Bolsa, com a JBS subindo 3,56%, a BRF, 2,08% e a Minerva, 1,97%. Os papéis do setor vinham de quedas, apesar de analistas acreditarem que as companhias vão continuar se beneficiando dos efeitos da peste suína na China.
Pela manhã, os papéis da Eletrobras também entraram em forte queda, chegando ter baixa de 4,9%, tendo no radar as falas de Rodrigo Maia sobre a dificuldade de aprovar sua privatização no Congresso. Porém, após o discurso de Guedes, o papel subiu e fechou em queda de 1,5%.