Bolsa: Ibovespa sobe aos 118.478,30 e fica próximo de recorde nominal (MicroStockHub/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 18h25.
Última atualização em 17 de janeiro de 2020 às 19h30.
O otimismo está de volta? Após pesquisas setoriais fracas e tensões no Oriente Médio terem minado o início de ano na B3, o Ibovespa subiu 1,52% no pregão desta sexta-feira (17) e encerrou em 118.478,30 pontos, fechando a semana com alta de 2,58% - a maior do ano. Com isso, o índice também se aproximou de seu recorde nominal de 118.573,10, batido no último dia 2.
Pela manhã, os dados macroeconômicos da China impulsionaram as negociações na Bolsa, ditando o tom positivo que permaneceu por toda a sessão. Ainda de madrugada, o país asiático informou que seu PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 6,1% em 2019 - em linha com as expectativas do governo, apesar da guerra comercial.
Segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Investimentos, além do PIB, o ritmo da indústria chinesa também chamou a atenção dos investidores. Em dezembro, a atividade industrial da China teve a maior expansão em nove meses, crescendo 6,9% ante ao mesmo período de 2018.
Mesmo com os dados estimulando bolsas globais, nesta sexta, o Ibovespa avançou mais do que os principais índices acionários, como S&P 500 (EUA), FTSE 100 (Inglaterra), Nikkei 225 (Japão) e Hang Seng (Hong Kong). “ A Bolsa acabou revisando parte do movimento de alta que não conseguiu pegar nos últimos dias, quando o mercado externo subiu mais”, disse Vieira.
Apesar da recente alta, dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros continuam saindo da Bolsa. Até quarta-feira (15), eles já tinham retirado 5,9 bilhões de reais no ano. Com o acordo comercial entre China e Estados Unidos assinado, o economista espera que eles comecem a voltar. “A tendência é essa. O acordo dá maior previsibilidade e aumenta o apetite por prêmios de risco maiores”, afirmou.
Nesta sexta-feira, o dólar também reagiu de maneira positiva, recuando 0,63% frente ao real, cotado em 4,165 reais. A queda foi a mais acentuada do ano e contribuiu para que empresas com despesas em moeda americana se valorizassem na bolsa, a exemplo das companhias aéreas. Na sessão, os papéis da Gol subiram 3,52% enquanto os da Azul 3,21% - também com a influência da compra de 75 aeronaves da Embraer.
Entre os papéis com mais peso no Ibovespa, todos fecharam em alta nesta sexta-feira. De forma mais direta, os dados da China - maior compradora de minério de ferro do mundo - ajudaram a apreciar as ações da Vale, que subiram 3,32%. O ativo, que figura entre os mais recomendados por corretoras em levantamento feito por EXAME, já acumula alta de 6,94% no mês. No setor de siderúrgicas, Gerdau, Usiminas e CSN subiram 0,97%, 0,93% e 0,14%, respectivamente.
Em linha com o preço do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras terminaram o dia no azul, com as ordinárias se apreciando 2,02% e as preferenciais, 1,12%. Mesmo com a alta, ambos os papéis continuam acumulando queda em 2020. Em relatório a clientes, analistas da Guide Investimentos também viram como positivo o anúncio de que a estatal vai repassar para terceiros parte do gás importado da Bolívia.
Os grandes bancos também mostraram alguma reação nesta sexta. Entre eles, os papéis do Bradesco foram os que mais avançaram nesta sessão, apreciando-se 2,34%. As ações do Santander subiram 1,92%, as do Banco do Brasil, 1,35% e as do Itaú, 0,69%.
Outra empresa do setor financeiro com boa performance na bolsa foi a da B3, que subiu 3,16%. Embora a administradora do mercado de capitais brasileiro seja vista com muito bons olhos por analistas, os papéis da companhia vinham sofrendo as pressões do processo de arbitragem que abriu espaço para concorrência no setor. No ano, o ativo acumula valorização de 5,52%.
Após se valorizarem na quinta-feira (16), os frigoríficos entraram em baixa, com exceção da JBS. Nesta sexta, os papéis da dona das marcas Seara e Swift subiram 3,26% tendo no radar a notícia de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai adiar a venda de sua participação na companhia. A informação foi veiculada pelo jornal Estado de S. Paulo. BRF e Minerva tiveram respectivas perdas de 0,33% e 0,93%. As ações da Marfrig permaneceram estáveis.