Mercados

Bolsa sobe 2% na semana e dólar fecha em R$ 4,19 com viés favorável

Moeda norte-americana ficou praticamente estável, enquanto Ibovespa voltou a fechar acima de 108 mil pontos

Nesta sexta-feira, Ibovespa subiu 1,11%, em 108.692 pontos. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Nesta sexta-feira, Ibovespa subiu 1,11%, em 108.692 pontos. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 18h18.

Última atualização em 22 de novembro de 2019 às 18h42.

A bolsa brasileira conseguiu fechar a semana bem melhor do que começou. Após uma avalanche de relatórios recomendando a compra de ações e sinalizações positivas do cenário externo, o Ibovespa reverteu as perdas vistas na segunda e terça-feira e mostrou uma alta semanal de 2%. Nesta sexta-feira, subiu 1,11%, em 108.692 pontos.

Os bancos internacionais JPMorgan e Morgan Stanley reforçaram na véspera a recomendação “overweight” para as ações brasileiras, indicando uma projeção de desempenho acima da média do mercado. Já o banco suíço UBS passou a recomendar os ativos do Brasil como “strong overweight” (bem acima do mercado) e estimou o Ibovespa em 131 mil pontos nos próximos 12 meses

“Com três grandes bancos escrevendo profundas análises de recomendação sobre Brasil, a percepção dos estrangeiros pode melhorar e, quem sabe, eles podem começar a embarcar no país”, escreveu o analista da Rico Investimentos, Thiago Salomão, em relatório a clientes.

Também na quinta-feira, os dados do Caged mostraram que o Brasil criou 70,9 mil postos formais de trabalho no mês de outubro, gerando 491,9 mil vagas de emprego no país nos últimos 12 meses.

Mas o que elevou o ânimo dos mercados foi a mudança de disposição dos líderes dos Estados Unidos e da China em torno de um acordo. Ambas as partes demonstraram interesse em assinar um acordo inicial para encerrar a guerra tarifária. O presidente chinês, Xi Jinping, disse que Pequim quer elaborar um pacto provisório ou a “fase um”, mas não tem receio de retaliar quando necessário. 

Horas mais tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que um acordo com a China está “potencialmente muito próximo”, embora tenha insistido que qualquer acordo teria de ser ponderado para favorecer os Estados Unidos depois de anos de desequilíbrio comercial com a China.

"O anúncio deve ser tomado com um grão de sal, uma vez que a disputa, que ocorre de forma intensa há dois anos, tem sido marcada pelo vai-e-vem de notícias conflitantes", escreveu a Guide Investimentos. Economistas dizem que a prolongada disputa está diminuindo o crescimento global, interrompendo cadeias de suprimentos, restringindo o investimento e limitando a confiança empresarial.

As bolsas europeias fecharam no melhor dia em três semanas, favorecidas por dados positivos das principais economias da zona do euro, além da perspectiva  favorável sobre o acordo comercial EUA-China. Os índices de Wall Street também foram beneficiados pelo tom benigno de Donald Trump em relação à China. O Nasdaq chegou a ser afetado por uma queda nas ações da Tesla depois do lançamento de sua picape elétrica, mas fechou em alta.

Após cravar um recorde histórico no início da semana, o dólar fechou quase estável nesta sexta, com baixa de 0,005%, negociado em 4,1929, terminando a semana com uma variação negativa de 0,01%. Na segunda-feira (18), o dólar alcançou 4,2061 reais pela primeira vez, recorde nominal de fechamento. No entanto, se considerado o diferencial de inflação entre Brasil e Estados Unidos, a moeda americana teria que subir a 7,70 reais para superar o recorde real, batido em 2002.

Destaques do dia

A petroquímica Braskem subiu ao redor de 1,2%, interrompendo uma sequência de quatro quedas seguidas, período em que acumulou declínio de 9,5%. A petroquímica anunciou indicação do atual presidente do conselho de administração, Roberto Simões, como novo diretor presidente a partir de 1º de janeiro de 2020, no lugar de Fernando Musa, que deixou o cargo em meio a críticas da Petrobras.

Pouco mais de um ano após seu IPO em Nova York, a processadora de pagamentos Stone deu mais um passo à frente na chamada guerra das maquininhas, ao mesmo tempo em que uma de suas maiores concorrentes, a Pagseguro, não vem agradando os investidores. As ações da companhia (STNE) na Nasdaq chegaram a subir 12% nesta sexta, em 38 dólares – após ter anunciado um lucro líquido de 191,3 milhões de reais no terceiro trimestre, resultado 111% maior.

Dois dias atrás, a Pagseguro chegou a recuar 13,5% em Nova York, negociada a 31,80 dólares, após divulgar resultados nada animadores. A empresa apresentou um lucro abaixo das expectativas, de 390 milhões de reais, pressionado por despesas crescentes com marketing e pessoal.

A mineradora Vale subiu 2,6%, beneficiada pela alta do preço do minério de ferro na China. O IFR, serviço da Refinitiv, também noticiou que a mineradora poderá refinanciar dívidas a custos muito baixos. Enquanto isso, a Petrobras (PN) subiu ao redor de 0,2%, apesar da fraqueza dos preços do petróleo. A petrolífera começou a fase vinculante para a venda de quatro das oito refinarias e logísticas associadas ofertadas ao mercado.

Acompanhe tudo sobre:DólarDonald TrumpIbovespaMorgan Stanley

Mais de Mercados

Menos de 15% das empresas que fizeram IPO em 2021 superam a performance do Ibovespa

B3: estrangeiros retiram na Super Quarta metade do valor sacado no mês

Iene em alta e dólar em queda: por que a desvalorização da moeda americana deve se acelerar

Do campo à Faria Lima, dívida da Agrogalaxy passa de R$ 4,5 bilhões