Mercados

Bolsa registra maior saída de estrangeiros em dois anos

A retirada líquida de recursos do mercado de ações brasileiro por estrangeiros, em agosto, chegou a R$ 3,47 bilhões na última quarta-feira, o pior mês de 2015


	Foi a saída mais acentuada registrada desde junho de 2013. Naquele mês, os estrangeiros retiraram R$ 4,073 bilhões da Bolsa de Valores de São Paulo.
 (BLOOMBERG NEWS)

Foi a saída mais acentuada registrada desde junho de 2013. Naquele mês, os estrangeiros retiraram R$ 4,073 bilhões da Bolsa de Valores de São Paulo. (BLOOMBERG NEWS)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2015 às 09h08.

São Paulo - A retirada líquida de recursos do mercado de ações brasileiro por estrangeiros, em agosto, chegou a R$ 3,47 bilhões na última quarta-feira, o pior mês de todo o ano de 2015, e também a saída mais acentuada registrada desde junho de 2013. Naquele mês, os estrangeiros retiraram R$ 4,073 bilhões da Bolsa de Valores de São Paulo.

Depois de passar todo o primeiro semestre no azul, e acumular saldo positivo de R$ 21,540 bilhões no ano, o indicador de capital estrangeiro na Bolsa começou a reverter a tendência em julho, quando foram retirados R$ 567,8 milhões do mercado. Em agosto, esse movimento se acentuou, e o saldo acumulado em 2015 continua positivo, mas caiu para R$ 17,5 bilhões.

Para James Gulbrandsen, sócio gestor da NCH Capital, o movimento observado no Brasil é parecido com o que acontece em outros mercados emergentes. "A preocupação com a China e a expectativa pelo aumento dos juros nos Estados Unidos são os principais fatores para essa saída. No Brasil, a crise política faz com que a intensidade dessa fuga seja um pouco maior que em outros países", explica.

Gulbrandsen diz que o investidor estrangeiro não gosta de incerteza. "Acredito que até outubro ou novembro, exista uma perspectiva mais clara sobre o que vai acontecer no campo político. E a partir daí, a tendência é que haja uma entrada maior de recursos." Ele diz que o mercado já se preparou para um eventual rebaixamento dos ratings (classificação de risco) do Brasil. "Eu diria que um downgrade (rebaixamento) já está 100% precificado."

Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos, diz que o ambiente político vai pesar mais nas decisões dos investidores até o fim do ano. "Nós vimos uma entrada muito forte no primeiro semestre. Até junho, foram R$ 21,5 bilhões de saldo positivo, contra pouco mais de R$ 20 bilhões de todo o ano passado. Acredito inclusive que parte desse movimento seja realização de lucros." Ele afirma que a tendência é de que o fluxo de estrangeiros na Bolsa se estabilize. "O Ibovespa em dólar voltou para níveis de 2008, está atrativo para o estrangeiro."

Já Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da corretora Renascença, acredita que a tendência é que esse movimento de saída dos investidores estrangeiros se acentue até o final do ano. "O cenário doméstico não deve melhorar até o final do ano. E as incertezas sobre a economia chinesa só aumentam. A Bolsa vai seguir essa volatilidade diária de notícias boas e ruins." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valoresEmpresasEmpresas abertasGuia de Açõesrenda-variavelservicos-financeiros

Mais de Mercados

Reunião de Lula e Haddad e a escolha de Scott Bessent: os assuntos que movem o mercado

Do dólar ao bitcoin: como o mercado reagiu a indicação de Trump para o Tesouro?

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3